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Renner: resultado da vertical financeira abaixo do esperado preocupa analistas e ações caem

Ebitda abaixo do esperado para a Realize reflete deterioração do crédito da empresa no período, apesar de operação de varejo atender expectativas

Renner: varejista enfrenta segundo trimestre de resultados fracos na Realize (Marcos Gouveia/Divulgação)

Renner: varejista enfrenta segundo trimestre de resultados fracos na Realize (Marcos Gouveia/Divulgação)

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Karina Souza

Publicado em 4 de novembro de 2022 às 12h12.

Última atualização em 4 de novembro de 2022 às 12h16.

As ações da Lojas Renner (LREN3) caem 4,69% às 11h46 desta sexta-feira, 4, depois de a companhia divulgar o balanço do terceiro trimestre. Apesar de a frente de varejo estar em linha com o que analistas esperavam, a deterioração da parte de crédito com a Realize surpreendeu, como mostram os relatórios divulgados nesta manhã. 

Para o analista Thiago Macruz, do Itaú BBA, os resultados da operação de varejo, desconsiderando os efeitos não recorrentes, atenderam às expectativas conservadoras do banco. A receita, vale lembrar, cresceu 10% na comparação anual, e a companhia teve ganhos de margem com ajustes rápidos na coleção com o inverno prolongado. Tudo isso, em conjunto, fez com que a margem Ebitda subisse 50 bps ante o terceiro trimestre de 2021. Em contrapartida, na operação financeira, a queda no Ebitda foi de 74,5% na comparação anual, para R$ 19 milhões (se tirada a venda da carteira vencida da conta, o número cai para R$ 5 milhões negativos, nas contas do Itaú). É o segundo trimestre consecutivo que a operação financeira da empresa mostra resultados abaixo do esperado pelo mercado.

Em um olhar individual, o destaque negativo fica com a operação Meu Cartão (co-branded), cujo aumento da inadimplência fez as provisões crescerem mais de 200% na comparação anual, chegando a R$ 230 milhões. Na operação de Cartão Renner, as provisões passaram de uma perda de R$ 0,1 milhão para uma de R$ 6,9 milhões no mesmo período.

No balanço, a empresa afirma que o aumento do volume de vencidos reflete o cenário macroeconômico mais desafiador, além de uma menor oxigenação da carteira em função das mudanças na política de crédito. A cobertura total para possíveis perdas atingiu 17,6% no trimestre, aumento de 4,3 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano anterior.

Apesar dos tombos recentes, os analistas Rubem Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo, do Santander, apontam que o cenário atual não é preocupante em relação ao market share da companhia e aos ganhos que pode trazer no futuro. 

No relatório, eles lembram, inclusive, que a expectativa da empresa de entregar um crescimento de 35% no próximo trimestre (em relação ao quarto trimestre de 2019) permanece, além de um Ebitda similar ao do mesmo ano. Um ponto também relembrado pelos analistas do BofA, especialmente levando em consideração promoções de Black Friday e Natal como pontos positivos para as vendas em meio ao frio prolongado.

Robert Aguilar, Melissa Byun e Vinicius Pretto, do banco estrangeiro, também apontam no relatório que, apesar dos resultados abaixo do esperado na vertical financeira, continuam acreditando que a companhia está posicionada para se consolidar no segmento em que atua. 

“Nós percebemos investimentos contínuos em produto, cadeia de suprimentos e logística capazes de gradualmente aumentarem a inovação de produtos e velocidade, resultando em melhores lojas e frequência de compras no site”, escrevem. Por fim, ainda do lado de varejo, destacam uma oportunidade de expansão da companhia para regiões fora dos grandes centros urbanos, dado o aumento do poder de compra no interior graças ao boom da agricultura. 

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