Bolsa de Paris: em Paris, o índice CAC-40 encerrou em queda de 0,78%, devido a um euro mais forte, o que prejudicou exportadores, segundo analistas (Pascal Le Segretain/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 6 de maio de 2014 às 15h20.
São Paulo - Os mercados de ações da Europa fecharam majoritariamente em queda nesta terça-feira, 6, após a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) alertar para o possível risco de deflação na zona do euro.
Para combater essa ameaça, a organização disse que o Banco Central Europeu deve reduzir a taxa básica de juros imediatamente para zero, de 0,25% atualmente.
Com isso, o índice pan-europeu Stoxx 600 fechou com perda de 0,25%, aos 336,04 pontos, após oscilar entre pequenos ganhos e perdas durante a sessão.
No relatório anual Economic Outlook, a OCDE disse que a principal taxa de refinanciamento do BCE "deve ser reduzida a zero", ante a taxa atual de 0,25%, enquanto os formuladores de política devem "possivelmente" cortar a taxa de depósito "para um nível ligeiramente negativo".
A organização disse que as taxas de juros não devem ser elevadas a partir desses níveis até o final de 2015, no mínimo.
"Em particular, sugerimos que o Banco Central Europeu tome novas medidas de política para levar a inflação de maneira mais decisiva para o alvo e prepare-se para o estímulo não convencional adicional se a inflação não mostrar nenhum sinal claro de retorno" para a meta, disse Rintaro Tamaki, economista-chefe da OCDE.
Ele ressaltou que um novo financiamento de longo prazo para os bancos e compras de títulos do governo e de empresas - conhecido como relaxamento quantitativo - podem ser necessários.
O BCE anuncia decisão de política monetária nesta quinta-feira, 8, ainda que a maioria dos economistas prevejam que a política seja mantida inalterada após uma aceleração da inflação para 0,7% em abril, de 0,5% em março.
Outro indicador que alimentou essa expectativa foi o índice de gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) de serviços da zona do euro, que avançou para 53,1 em abril, de 52,2 em março, atingindo o maior nível desde maio de 2011 e garantindo o nono mês consecutivo de expansão, segundo a Markit.
Além disso, as vendas no varejo do bloco subiram 0,3% em março ante fevereiro, superando a previsão de queda de 0,2%.
Embora positivos, os últimos números europeus reduzem as chances de o Banco Central Europeu (BCE) adotar medidas adicionais de estímulos na reunião de política monetária, de acordo com analistas do Citi e do Morgan Stanley, o que tende a manter os mercados acionários pressionados.
A OCDE espera expansão do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,2% e 1,7% em 2014 e 2015, respectivamente. Anteriormente, a OCDE havia previsto um crescimento de 1,0% para o bloco da moeda em 2014.
Outro fator que ainda gerou cautela nas bolsas foi a crise na Ucrânia, onde continuam os embates entre forças de Kiev e ativistas pró-Rússia.
O aeroporto de Donetsk, no leste do país, chegou a suspender as operações temporariamente hoje, após violentos combates ao redor de um reduto separatista terem causado a morte de cerca de 30 militantes pró-Moscou e de quatro soldados ucranianos ontem.
Em relação à temporada de balanços, o banco britânico Barclays surpreendeu negativamente no primeiro trimestre, mas o suíço UBS divulgou resultado melhor que o esperado para o mesmo período.
Os papéis do Barclays despencaram 5,22% no mercado inglês, enquanto os do UBS subiram 0,22% na Bolsa de Zurique.
Ainda no noticiário corporativo, a alemã Bayer anunciou hoje a compra da divisão de produtos de consumo da norte-americana Merck, por US$ 14,2 bilhões. Em Frankfurt, as ações da Bayer tiveram queda de 0,81%.
Em Paris, o índice CAC-40 encerrou em queda de 0,78%, aos 4428,07 pontos, devido a um euro mais forte, o que prejudicou exportadores, segundo analistas.
O índice FTSE Mib, de Milão, cedeu 0,55%, aos 21521,65 pontos, com baixa de 1,2% nos papéis da Fiat depois que a Fiat Chrysler Automobiles apresentou um plano de cinco anos para melhorar as vendas.
O índice FTSE 100, de Londres, cedeu 0,35% e encerrou aos 6798,56 pontos, enquanto o índice DAX, de Frankfurt, teve baixa de 0,65%, aos 9467,53 pontos.
Por outro lado, o índice PSI 20, de Lisboa, ganhou 0,46%, aos 7552,34 pontos, e o índice IBEX 35, de Madri, avançou 0,04%, para 10481,40 pontos. Com informações da Dow Jones.