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Reforma mais enxuta abala o Ibovespa; dólar avança com exterior

Índice de ações da bolsa recuou 0,65%, aos 98.320 pontos, após reverter o tom positivo da véspera.

INSS: mercado reagiu mal à ideia de que a reforma da Previdência deixe de fora estados e municípios (Divulgação/Agência Brasil)

INSS: mercado reagiu mal à ideia de que a reforma da Previdência deixe de fora estados e municípios (Divulgação/Agência Brasil)

TL

Tais Laporta

Publicado em 12 de junho de 2019 às 17h24.

Última atualização em 12 de junho de 2019 às 17h39.

Não foi desta vez que o Ibovespa voltou a operar acima dos 100 mil pontos. O índice que reúne as principais ações da B3 ensaiou uma recuperação mais cedo, mas voltou a cair no início da tarde, com mais um revés em torno da reforma da Previdência. O índice fechou em baixa de 0,65%, aos 98.320 pontos.

O tom negativo refletiu na queda generalizada dos papéis com maior peso no indicador – Petrobras, Vale e os principais bancos (Itaú, Banco do Brasil e Bradesco) – que fecharam em baixa, ajudando a pressionar o Ibovespa nesta quarta-feira (12).

O dólar, por sua vez, subiu 0,47% em relação ao real, negociado a R$ 3,8686, se afastando da mínima em dois meses atingida na véspera. Os investidores repercutiram a força da moeda norte-americana no exterior.

Vaivém na agenda de reformas

O mercado não reagiu bem à notícia de que o relatório da reforma será lido amanhã sem incluir as regras de aposentadoria dos estados e municípios, além de outros itens polêmicos do texto. A retirada destes pontos poderia desidratar a economia prevista nos gastos com as aposentadorias nos próximos 10 anos.

O estrategista chefe da Guide Investimentos, Luiz Gustavo Pereira, destacou que o desempenho do Ibovespa refletiu uma atitude de investidores de 'esperar para ver', na expectativa de avanço sobre a reforma, segundo a Reuters.

Na mesma linha, o especialista em ações da consultoria Levante, Eduardo Guimarães, destacou que nesta sessão prevaleceu certa cautela antes da apresentação do parecer na comissão especial da Câmara.

Mais cedo, prevaleceu o bom humor após a aprovação do uso de crédito suplementar, necessário para o governo contornar a “regra de ouro” do ajuste fiscal, sinalizando para atitudes mais pragmáticas na relação do governo com o Legislativo.

"Mais do que a aprovação em si, vimos um governo funcionando como governo: fazendo acordos, cedendo em alguns pontos e cumprindo o combinado, inclusive com a oposição”, pontuou a equipe de analistas da XP Investimentos, em relatório.

O cenário externo desfavorável também empurrou a Bolsa para baixo, por tensões relacionadas ao embate comercial EUA-China. Por outro lado, a tensão foi contrabalançada por dados moderados de inflação norte-americana que reforçam apostas de corte dos juros pelo Federal Reserve (BC dos EUA).

O pregão também foi marcado pelo vencimento dos contratos de opções sobre o Ibovespa e do índice futuro, o adicionou volatilidade na sessão.

Guerra de ofertas e anúncio de venda dominaram o Ibovespa

As ações da rede de varejo GRUPO PÃO DE AÇÚCAR (GPAR3) fecharam em leve queda, a R$ 86,92 por ação, após avançarem acima de 1%, com a notícia de que seu conselho aprovou a venda na participação da Via Varejo por pelo menos R$ 2,23 bilhões. O leilão das ações foi marcado para o próximo dia 14.

A decisão ocorreu após o acionista Michael Klein prometer fazer, sozinho ou em conjunto com outros investidores, ordens de compra para adquirir todas as ações da Via Varejo detidas pelo GPA pelo preço máximo de R$ 4,75 por papel no caso de leilão. A VIA VAREJO (VVAR3) perdeu em torno de 3%.

O grupo de varejo MAGAZINE LUIZA (MGLU3) cedeu mais de 2%, a R$ 203 por ação, tendo no radar que o Grupo SBF, operadora das lojas Centauro no Brasil, aumentou sua oferta para a varejista online de esportes Netshoes para R$ 3,70 por ação, nova investida para tentar superar a concorrente.

A CENTAURO (CNTO3) subiu perto de 1%. Já a ação da NETSHOES valorizou seu passe e ampliou o valor na bolsa de Nova York, subindo quase 12%.

Os papéis da estatal PETROBRAS (PETR3 e PETR4) recuaram seguindo a forte queda no preço do petróleo, enfraquecido por um aumento inesperado nos estoques da commodity nos EUA e por uma perspectiva ruim para a demanda global. Também ficou no radar o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) para desinvestir em campos de petróleo.

O dia foi negativo para o setor bancário. O BANCO DO BRASIL (BBAS3) recuou mais de 1%, também pesando no Ibovespa, tendo como pano de fundo comentários do ministro da Fazenda, Paulo Guedes, de que, além da Caixa Econômica Federal, mais bancos públicos trabalham para honrar compromissos com a União. No setor, o banco BRADESCO (BBDC4) caiu 1,%, enquanto ITAÚ UNIBANCO (ITUB4) cedeu 0,6%, em linha com seus pares nas bolsas dos EUA.

A siderúrgica CSN (CSNA3) fechou em baixa de 5,6%, maior queda do Ibovespa, depois que analistas do Morgan Stanley cortaram a recomendação para suas ações. A mineradora VALE (VALE3) teve alta de 0,1%, apesar de futuros do minério de ferro na China ampliarem a alta para níveis recordes nesta quarta-feira.

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