Mercados

Receita da Globo dispara e ING prevê queda em custo de captação

A receita líquida da empresa aumentou 16% no primeiro trimestre em relação ao mesmo período de 2010

A S&P revisou a perspectiva da nota de crédito da Globo para positiva em setembro, citando sua “posição dominante” no mercado local de televisão  (Divulgação)

A S&P revisou a perspectiva da nota de crédito da Globo para positiva em setembro, citando sua “posição dominante” no mercado local de televisão (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 9 de junho de 2011 às 08h47.

Nova York - A disparada na receita da Globo Comunicação & Participações SA levou o ING Groep NV e o Barclays Plc a apostarem que o custo de captação do grupo de mídia vai cair para seu menor nível histórico.

A taxa para resgate em 2015 dos bônus perpétuos da Globo vai desabar mais 50 pontos-base em 2011, depois de já ter caído 14 pontos-base desde 31 de dezembro para 4,99 por cento, de acordo com ING e Barclays. Os papéis, que têm classificação Baa3 pela agência Moody’s Investors Service e BBB- pela Standard & Poor’s, pagam 87 pontos-base a mais do que títulos corporativos brasileiros com grau de investimento e prazo similar.

O Barclays e o ING recomendam a compra dos títulos da Globo, já que o número de clientes de TV por assinatura no País subiu 63 por cento nos últimos dois anos, embalado pela expansão econômica. A receita líquida da empresa sediada no Rio de Janeiro aumentou 16 por cento no primeiro trimestre em relação ao mesmo período do ano passado, segundo dados da companhia.

“O mercado no Brasil está crescendo, e isso os ajuda de duas maneiras”, disse Natalia Corfield, analista de títulos corporativos do ING em Nova York, em entrevista por telefone. “Eles são muito bons em conteúdo, que podem vender a distribuidores, e vai ter mais gente querendo exibir anúncios durante os programas.”

Um representante da assessoria de imprensa externa da Globo em São Paulo não quis fazer comentários sobre o resultado e o desempenho dos títulos da empresa.

Os papéis rendem 306 pontos-base a mais do que os títulos do governo brasileiro com vencimento em 2015, segundo dados compilados pela Bloomberg. O rendimento médio da dívida emitida por companhias de mídia da América Latina é 5,27 por cento, de acordo com o Credit Suisse Group AG.

‘Posição dominante’

A S&P revisou a perspectiva da nota de crédito da Globo para positiva em setembro, citando sua “posição dominante” no mercado local de televisão e seus níveis de endividamento.

A Globo, comandada pelo presidente Roberto Irineu Marinho, tinha, no primeiro trimestre, dívida total equivalente a 0,42 vez o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, ou Ebitda. Um ano antes, a relação era de 0,65.

“O perfil financeiro da empresa mitiga muitos dos riscos que acreditamos que o setor carrega”, disse Milena Zaniboni, analista da S&P em São Paulo, em entrevista por telefone. “Vemos a maior penetração da TV a cabo como positiva para a Globo, já que vai significar uma fonte mais estável de receita com tarifas. Quando se olha para os canais de TV a cabo mais assistidos no Brasil, eles são produzidos pela Globo. Notícias, esportes, filmes -- em tudo a Globo tem a programação mais forte e a penetração só vai ajudar a empresa.”

A Globo, que opera canais de TV aberta e por assinatura, chega a 183 milhões de brasileiros, ou 99,5 por cento dos potenciais espectadores, segundo o website da companhia. Suas novelas, protagonizadas pelas maiores estrelas de televisão e cinema do Brasil há quatro décadas, são exibidas regularmente em países como Portugal, Rússia, Itália e Romênia.

Acompanhe tudo sobre:bancos-de-investimentoBarclaysComunicaçãoDívidas empresariaisEmpresasEmpresas brasileirasEmpresas inglesasGloboServiços

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol