Mercados

Rebaixamentos de empresas devem superar elevações, diz Fitch

Os rebaixamentos de empresas brasileiras devem superar as elevações de rating em mais de cinco vezes, segundo a Fitch


	Sede da Fitch Ratings em Nova York, Estados Unidos
 (Brendan McDermid/Reuters)

Sede da Fitch Ratings em Nova York, Estados Unidos (Brendan McDermid/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de agosto de 2015 às 10h12.

São Paulo - No segundo semestre de 2015, os rebaixamentos de empresas brasileiras devem superar as elevações de rating em mais de cinco vezes, segundo a Fitch Ratings.

A expectativa confirma a tendência observada no primeiro semestre do ano, quando 19 emissores tiveram suas classificações rebaixadas, destaca a agência. "As empresas brasileiras permanecem vulneráveis: aproximadamente uma em cada quatro companhias do País está com o rating em perspectiva negativa", afirma, em nota, o diretor sênior da Fitch, Ricardo Carvalho.

As companhias brasileiras devem reportar volumes de dívida estáveis em 2015, diz a agência, que atualizou o relatório "Perspectivas para Empresas Brasileiras".

As companhias vêm cortando investimentos e reduzindo atividades de fusões e aquisições, em resposta ao crítico cenário econômico, ressalta a Fitch. A mediana da queima dos fluxos de caixa representou apenas 1% das receitas em 2014. Este foi o menor índice registrado pelas companhias do País desde 2010, diz a agência.

De acordo com a Fitch, fluxos de caixa operacionais mais fracos resultarão no aumento dos indicadores de alavancagem. A agência estima que os fluxos de caixa operacionais das empresas declinarão pelo quinto ano consecutivo, à medida que a inflação alta, as taxas de juros elevadas e o aumento das taxas de desemprego reprimam o consumo e a atividade econômica.

O escândalo da Operação Lava Jato e as subsequentes investigações das denúncias de corrupção no País frearam o apetite dos investidores pela dívida corporativa brasileira. "Apenas a Votorantim Cimentos, a Embraer, a Oi e a própria Petrobras emitiram dívida no mercado internacional. A Ceagro, a Vale, a Petrobras, a Oi, a Sifco, a JBS, a Sabesp e a Marfrig possuem dívidas com vencimento em 2016. Ceagro e Sifco ficaram inadimplentes no pagamento de juros referente a essas obrigações."

A agência salienta ainda que a desvalorização do real perante o dólar desde o começo de 2015, para R$ 3,40, de R$ 2,62, não fortaleceu significativamente a competitividade dos exportadores brasileiros.

"Muitas empresas priorizaram o mercado doméstico e enfrentam a ameaça das importações e da dependência de medidas de proteção do governo." A Fitch estima que o real teria de registrar queda ainda maior frente ao dólar, com a moeda americana sendo cotada acima de R$ 3,75, para que mais exportadores se tornem globalmente competitivos.

Além disso, o risco cambial é alto para companhias que emitiram dívida no exterior. "A maioria dos emissores não utilizou instrumentos derivativos para eliminar totalmente o risco cambial, já que a taxa de juros Selic atingiu 14,25%, o que torna o uso de hedge caro. Em geral, o hedge é usado para cobrir 12 meses de custos de produção denominados em dólar, bem como 12 meses de serviço da dívida em dólar." A Fitch afirma acreditar que o porcentual da dívida em moeda estrangeira aumentará no mix, à medida que o BNDES direcione o crédito a projetos de infraestrutura.

"A Marfrig, a USJ e a Gol permanecem como únicas empresas com ratings B+ ou abaixo que possuem notas em circulação no mercado, após a inadimplência de inúmeros emissores dos setores de construção e de açúcar e etanol", diz a Fitch.

A estrutura de capital da Marfrig deve melhorar significativamente, com a decisão da empresa, anunciada em junho, de vender os negócios da Moy Park à JBS por US$ 1,5 bilhão, destaca. Dos 39 emissores classificados na categoria de rating BB, 12 estão em perspectiva negativa, lembra a agência.

Acompanhe tudo sobre:Agências de ratingEmpresasFitchMercado financeiroRating

Mais de Mercados

Jamie Dimon, CEO do JPMorgan, aconselha Trump: 'Pare de discutir com Powell sobre juros'

Banco do Brasil promove trocas nas lideranças de cinco empresas do conglomerado

Bolsas globais superam desempenho dos EUA nos primeiros seis meses do governo Trump

Ibovespa fecha em queda de 1,61% pressionado por tensões políticas