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Real tem queda mensal em relação às principais moedas após IOF

Moeda caiu pelo menos 0,8% em outubro, em relação às 16 principais moedas mundiais

BM&FBovespa: investidores estrangeiros começam a apostar na alta do real (Germano Lüders/EXAME)

BM&FBovespa: investidores estrangeiros começam a apostar na alta do real (Germano Lüders/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 27 de outubro de 2010 às 10h01.

Nova York/São Paulo - O real está se desvalorizando em relação a todas as principais moedas este mês pela primeira vez desde janeiro, um sinal de que o aumento do Imposto sobre Operações Financeiras para estrangeiros está conseguindo desacelerar o investimento no mercado de dívida do País.

O real caiu pelo menos 0,8 por cento este mês em relação à cesta das 16 principais moedas mundiais. Na comparação com o iene, a baixa foi de 3,4 por cento. A queda veio depois que o ministro da Fazenda, Guido Mantega, elevou o IOF sobre os investimentos estrangeiros em renda fixa duas vezes para conter a valorização da moeda brasileira. Na semana passada, investidores estrangeiros reduziram em US$ 4 bilhões as apostas em uma alta do real, a maior queda desde junho, de acordo com dados compilados pela BM&FBovespa SA.

Enquanto países, da Coreia do Sul ao Japão, não têm conseguido enfraquecer suas moedas para ajudar exportadores, o Brasil está atingindo esse objetivo após Mantega triplicar o IOF para 6 por cento em duas semanas. O ministro, lutando no que ele descreveu como uma “guerra cambial”, tenta manter o dólar ao redor de R$ 1,70, enquanto os juros em níveis históricos de baixa nos Estados Unidos, Europa e Japão estimulam a demanda por dívida brasileira, de acordo com o HSBC Holdings Plc.

“Mantega brigou muito e venceu a batalha”, disse Dirk Willer, estrategista-chefe para mercados locais da América Latina do Citigroup Inc. em Nova York. “Se você compra uma briga com ele, tem de saber qual é o próximo passo dele. Mantega garante que vai haver uma medida atrás da outra, e você precisa se perguntar onde isso termina. Isso mudou a psicologia do mercado.”

As medidas, apesar de enfraquecerem o real, elevaram os custos de financiamento da dívida pública, com a redução na demanda por títulos do Tesouro.


Neste mês, as taxas das Notas do Tesouro Nacional série F com vencimento em 2021 deram um salto de 19 pontos-base, ou 0,19 ponto percentual, para 12,1 por cento, de acordo com dados da Bloomberg. Os títulos locais do Brasil se desvalorizaram 0,04 por cento em dólares neste mês e estão a caminho de completar a primeira queda mensal desde maio, segundo o índice GBI-Broad do JPMorgan Chase & Co.

Apostas no real

O real perdeu 1 por cento este mês, com o dólar subindo para R$ 1,7036, reduzindo o ganho da moeda brasileira este ano para 2,4 por cento. A desvalorização de 3,4 por cento do real em relação ao iene em outubro ampliou essa perda em 2010 para 10,3 por cento. A moeda brasileira também depreciou em relação a 22 das 24 moedas de mercados emergentes em outubro, caindo 3,4 por cento em relação ao zloty polonês e 2,4 por cento em relação ao peso mexicano.

“As medidas têm sido bem sucedidas em evitar a valorização do real”, disse Clyde Wardle, estrategista de câmbio no HSBC Holdings Plc em Nova York. “Toda vez que chegamos a R$ 1,70, a retórica cresce. Então esse é um nível para se observar.”

Investidores externos fizeram 244.805 mais apostas na alta do que na queda do real em relação ao dólar em 22 de outubro, contra 321.443 uma semana antes, após Mantega elevar a alíquota do IOF para a entrada de estrangeiros no mercado de derivativos, de 0,38 por cento para 6 por cento. Como cada contrato vale US$ 50.000, a aposta líquida na valorização equivale a cerca de US$ 12 bilhões, comparado a US$ 16 bilhões em 15 de outubro e à maior quantia em três anos, US$ 16,1 bilhões, em 30 de setembro.

Mantega, 61 anos, disse em 25 de outubro que a reação do mercado às medidas dele tem sido “boa” e que pode usar armas de “grosso calibre” se necessário para impedir a alta do real.

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