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Real tem potencial para internacionalização, diz FMI

Estudo mostra que importância das moedas usadas nos Brics deve crescer nos próximos anos

O FMI aponta o crescimento do uso do real como reserva de ativos (SXC.hu)

O FMI aponta o crescimento do uso do real como reserva de ativos (SXC.hu)

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Da Redação

Publicado em 19 de outubro de 2011 às 15h40.

São Paulo - O uso das moedas de Brasil, Rússia, China, Índia e África do Sul (países conhecidos como Brics) em operações internacionais cresceu nos últimos anos e pode aumentar ainda mais daqui para frente, visto que todas essas economias possuem importância significativa em termos regionais e até mesmo globais - caso dos chineses -, de acordo com um estudo do Fundo Monetário Internacional (FMI).

De acordo com o órgão, o uso de reais em operações com derivativos internacionais aumentou cerca de 50% entre 2004 e 2010, enquanto a utilização da rupia indiana e do rublo russo mais que dobrou. O uso do iuane aumentou cerca de 12 vezes durante o período.

"No longo prazo, as moedas emergentes demonstram potencial para atingir um uso internacional mais amplo, como o de economias avançadas. Por exemplo, moedas de exportadores de commodities (o rublo russo e o real) podem desempenhar papéis regionais mais amplos e se tornar parte de reservas de ativos de forma similar ao que ocorre com os dólares da Austrália e do Canadá. O iuane poderia chegar ao uso global por causa do tamanho da economia chinesa" e do fato de ela estar no centro do comércio internacional, segundo o estudo do FMI.

Em 2010, a China respondeu por quase 9% do comércio mundial, mais do que o Japão, que ficou com uma fatia de 4,5%. Além disso, o fluxo comercial chinês deve superar o dos EUA nos próximos cinco anos. Os demais Brics estão conquistando espaço no comércio mundial ou mantendo suas posições - caso do Brasil e da África do Sul, mas todos estão bastante atrás da China e encontram-se a uma distância significativa de países desenvolvidos, algo que não deve mudar nos próximos anos. Em termos de comércio regional, no entanto, o Brasil teve um crescimento considerável nos últimos dez anos, superando seus parceiros de BRICS, com exceção da China.


Segundo o FMI, além do comércio, também contribuem para a internacionalização das moedas emergentes a profundidade dos mercados financeiros domésticos e a liquidez dos mercados externos, a abertura financeira de cada economia e as políticas de cada país para estimular o uso global de sua divisa.

"Os países emergentes progrediram em termos de aprofundamento dos mercados financeiros, sendo China e Brasil destaques pela expansão de seu mercado interno de bônus. A Rússia e o Brasil também registraram o avanço mais significativo na liberalização de suas contas de capital, mas o potencial (para o uso de suas moedas) em transações comerciais pode ser limitado por suas respectivas estruturas comerciais e pela dependência das exportações de commodities."

O documento afirma que o interesse em moedas emergentes começou a crescer depois que a crise financeira mundial e as preocupações com o caráter de reserva de valor das principais moedas mundiais vieram à tona. A maior procura foi "motivada pelos fortes fundamentos (dessas divisas) e também reflete o desejo de maior diversificação e menos ativos correlatos".

O FMI ressaltou também que a concentração de várias funções do sistema monetário internacional em duas moedas, o dólar e o euro, embora seja eficiente, pode aumentar a vulnerabilidade sistêmica aos choques e às políticas dos emissores dessas divisas.

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