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Real é a quarta moeda com maior desvalorização

A valorização de 6,6% da moeda brasileira só é inferior à registrada pelo dólar ante a naira da Nigéria, a coroa da Suécia e o dólar do Canadá


	Notas de real: um dólar a R$ 3,00 já era projetado por alguns para o meio do ano
 (Arquivo/Agência Brasil)

Notas de real: um dólar a R$ 3,00 já era projetado por alguns para o meio do ano (Arquivo/Agência Brasil)

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Da Redação

Publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 07h44.

São Paulo - Após certa acomodação em janeiro, o dólar mostrou forte aceleração em relação ao real nas duas primeiras semanas de fevereiro.

O movimento foi tão intenso que o real passou a ser a quarta divisa que, no acumulado de 2015, mais perdeu valor em comparação ao dólar, considerando um total de 47 moedas negociadas no mercado à vista de Forex (câmbio internacional).

No fim de janeiro, a moeda brasileira era apenas a 23ª no ranking de perdas ante o dólar.

Até sexta-feira, 13, o dólar já acumulava alta de 6,6% no ano em relação ao real, conforme levantamento feito pelo Broadcast, serviço de notícias em tempo real da Agência Estado.

Esta valorização só é inferior à registrada pelo dólar ante a naira da Nigéria (+11,46%), a coroa da Suécia (+7,48%) e o dólar do Canadá (+7,14%).

Ontem, o dólar à vista negociado no balcão subiu 0,32%, aos R$ 2,8440, no sétimo avanço dos últimos dez dias úteis.

Nos últimos dias, o que mudou foi a percepção em relação ao Brasil. Em 30 de janeiro, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, deu a largada no movimento mais intenso de valorização do dólar ante o real ao afirmar que não tem a intenção de manter o câmbio "artificialmente valorizado".

Na visão de boa parte dos investidores, o comentário foi uma indicação de que o governo pretende deixar o câmbio livre e pode até acabar com o programa de leilões diários de swap (equivalentes à venda de dólares no mercado futuro) depois de março.

As notícias que saíram nas duas primeiras semanas de fevereiro não foram favoráveis e elevaram o pessimismo em relação ao País.

Do risco de racionamento de água e luz à desconfiança sobre a capacidade de o governo cumprir a meta para as contas públicas em 2015, tudo serviu de motivo para que os investidores buscassem a segurança do dólar.

"Após um início de ano que indicava um período de calmaria no câmbio, o cenário mudou", afirma Silvio Campos Neto, economista da Tendências Consultoria. De acordo com ele, várias ações do governo também pesaram para a desvalorização do real.

As escolhas de Aldemir Bendine e de Miriam Belchior para a presidência da Petrobrás e da Caixa, respectivamente, passaram um sinal contraditório, diz Silvio.

"Esses dois nomes são muito alinhados com a política econômica do primeiro mandato, o que colocou um pouco de dúvida sobre a disposição do governo de mudar a economia."

Além disso, houve uma deterioração do quadro político com a eleição de Eduardo Cunha (PMDB) para a presidência da Câmara dos Deputados, o que tende a dificultar a relação do governo com o Congresso.

Tendência

Entre os profissionais ouvidos pelo Broadcast há consenso de que a tendência para o dólar é de alta. E poucos se arriscavam a dizer em qual nível a moeda americana vai se estabilizar.

Um dólar a R$ 3,00 já era projetado por alguns para o meio do ano, assim como uma moeda a R$ 3,20 no fim de 2015.

A tendência mais geral para o dólar deve vir dos Estados Unidos.

Se o Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) der a partida em seu processo de alta dos juros, o mercado global de moedas tende a passar por mais ajustes de alta para o dólar.

Colaborou Luiz Guilherme Gerbelli. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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