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Reação dos mercados abrevia festa socialista na França

Os mercados financeiros ficaram nervosos nesta segunda-feira com as políticas de François Hollande

Hollande: "há um momento de alegria e orgulho, mas também de apreensão por assumir essa responsabilidade num momento difícil para o país e para a Europa" (Thomas Coex/AFP)

Hollande: "há um momento de alegria e orgulho, mas também de apreensão por assumir essa responsabilidade num momento difícil para o país e para a Europa" (Thomas Coex/AFP)

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Da Redação

Publicado em 7 de maio de 2012 às 10h00.

Paris - Foi breve a lua-de-mel de François Hollande após ser eleito como primeiro presidente de centro-esquerda da França em 17 anos. Os mercados financeiros ficaram nervosos nesta segunda-feira com suas políticas e com a possibilidade de uma reação às medidas de austeridade lideradas pela Alemanha.

O socialista venceu o segundo turno da eleição presidencial, no domingo, com 51,7 por cento dos votos, após uma campanha marcada pelos mesmos ressentimentos econômicos que já derrubaram dez outros líderes europeus desde 2009.

A preocupação dos mercados diz respeito também --e acima de tudo-- à vitória de partidos antiausteridade na Grécia, também no domingo.

Hollande, que fez um discurso de vitória na localidade rural de Tulle, sua base eleitoral no centro do país, e em seguida viajou a Paris para falar a dezenas de milhares de eleitores na histórica praça da Bastilha, admitiu que a festa seria breve.

"Há um momento de alegria e orgulho, mas também de apreensão por assumir essa responsabilidade num momento difícil para o país e para a Europa", afirmou.

"Em todas as capitais, além dos chefes de Estado e governo, há pessoas que encontraram esperança graças a nós, que estão olhando para nós e querem pôr um fim à austeridade." Seu principal assessor econômico disse, no entanto, que o novo governo não vai "distribuir dinheiro".

Hollande vai tomar posse no dia 15 e irá viajar a Berlim em seguida para contestar o foco alemão nas políticas de austeridade, defendendo novas ideias para estimular a retomada do crescimento na zona do euro.

Ao chegar na manhã de segunda-feira para uma reunião na sede da sua campanha, onde discutiria a formação do governo, Hollande enfatizou que o conservador Nicolas Sarkozy, seu rival no segundo turno, continua no cargo nos próximos dias.

"Eu devo me preparar. Eu disse que estava pronto, e agora preciso ter certeza de que estou, completamente", disse ele a jornalistas.

Na Grécia, que também foi às urnas no domingo, os partidos antiausteridade tiveram mais de metade dos votos, mas o resultado ainda é inconclusivo.

O euro despencou ao seu menor valor frente ao dólar em três meses; as cotações do petróleo e de ações europeias chegaram ao valor mínimo dos últimos quatro meses e meio.

A equipe de Hollande deve incluir alguns veteranos, como Laurent Fabius, que foi primeiro-ministro do presidente socialista François Mitterrrand (1981-95). Mas o gabinete também deve ter lugar para várias caras novas, especialmente de mulheres.

Michel Sapin, ex-ministro de Finanças centro-esquerdista, comanda a equipe econômica, que inclui também políticos, dirigentes empresariais e funcionários vistos como simpáticos aos mercados.

O próprio Sapin tratou de sinalizar que a lua-de-mel será curta. "As palavras 'período de graça' não se aplicam à situação, essa é a realidade", disse ele, acrescentando que a prioridade no momento é iniciar discussões com os sócios europeus da França.

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