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Ray Dalio: EUA dependem de 1% dos trabalhadores, 60% ficam para trás

Investidor bilionário alerta que a concentração da produtividade em setores de elite, como tecnologia e finanças, amplia desigualdades regionais

Ray Dalio: investidor acredita que há tanta disparidade na economia dos EUA que não é mais possível analisá-la como um todo (Jemal Countess/TIME/Getty Images)

Ray Dalio: investidor acredita que há tanta disparidade na economia dos EUA que não é mais possível analisá-la como um todo (Jemal Countess/TIME/Getty Images)

Publicado em 27 de outubro de 2025 às 11h35.

O investidor bilionário Ray Dalio fez um alerta direto sobre a economia dos Estados Unidos. Para ele, não é mais possível analisar o país “como um todo”. O fundador da Bridgewater Associates afirmou que a economia está excessivamente dependente de um pequeno grupo de trabalhadores.

“Acho que a questão é que você não pode olhar para os EUA como um todo hoje em dia”, disse Dalio no Fortune Global Forum em Riad, na Arábia Saudita, nesta segunda-feira, 27. “Você tem que olhar para tudo em termos das diferenças muito, muito grandes — e de como essas diferenças são tratadas.”

Dalio apontou para o domínio de um setor: tecnologia. “Se você olhar para, digamos, o mundo da IA, que basicamente representa cerca de 3 milhões de pessoas — 1% da população — liderando, e depois os 5 ou 10% ao redor deles, você tem um mundo do qual o mundo inteiro depende. E então você tem os 60% de baixo da população.”

Dalio foi além e chamou atenção para o nível educacional dos americanos. “Considere isto: 60% da população americana tem leitura abaixo do nível da sexta série. Isso é difícil, e com isso [essas pessoas estão se tornando] improdutivas. Por causa disso, há uma dependência — uma dependência extrema.”

País divido

Os dados reforçam a concentração. Segundo análise publicada pela Moody's no começo do mês, 22 estados americanos já enfrentam retração econômica. Apenas 16 estão crescendo. Mas como estados como Califórnia, Texas e Nova York puxam o PIB para cima, o resultado nacional parece saudável.

Mark Zandi, economista-chefe da Moody’s, disse a revista Fortune que o futuro da economia americana está atrelado ao crescimento de dois estados: Califórnia e Nova York. O primeira concentra as big techs; o segundo, o setor financeiro.

Concentração de riqueza

A desigualdade também cresceu nos últimos anos. Entre 2020 e 2025, a riqueza dos 50% mais pobres subiu pouco mais de US$ 2 trilhões. Já os ativos do 0,1% mais rico quase dobraram — de US$ 12,17 trilhões para US$ 22,33 trilhões, segundo dados do Federal Reserve (Fed) publicados pela Fortune.

“A pergunta é: o que [os formuladores de políticas] fazem quando não há dinheiro suficiente e há esse grande abismo de riqueza?”, questionou Dalio, no evento.

O investidor defendeu que a discussão sobre redistribuição de renda é difícil e precisa ser pragmática. “Eles precisam lidar com isso de forma mecânica, não ideológica. Com base nisso, há uma escolha a ser feita: quem vai pagar e como isso será feito?”, afirmou.

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