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Rali pode parar se percepção não melhorar, diz Bradesco

Valorização de 17 por cento no mercado acionário brasileiro nas últimas três semanas pode perder fôlego


	Monitores da BM&FBovespa: alta acumulada veio diante da avaliação de baixa exposição de investidores a ações brasileiras em relação ao consenso, afirmou Bradesco BBI
 (Paulo Whitaker/Reuters)

Monitores da BM&FBovespa: alta acumulada veio diante da avaliação de baixa exposição de investidores a ações brasileiras em relação ao consenso, afirmou Bradesco BBI (Paulo Whitaker/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de abril de 2014 às 21h23.

São Paulo - A valorização de 17 por cento no mercado acionário brasileiro nas últimas três semanas pode perder fôlego a menos que a percepção dos investidores ou os fundamentos da economia melhorem de forma significativa, afirmou um analista sênior do Bradesco BBI, nesta terça-feira.

A alta acumulada pelo Ibovespa, iniciada em 17 de março e que fez o índice avançar em 12 de 16 pregões, veio diante da avaliação de baixa exposição de investidores a ações brasileiras em relação ao consenso, afirmou diretor de pesquisa do Bradesco BBI, Carlos Firetti.

O movimento, que Firetti definiu como "técnico" e "inesperado", seguiu-se à decisão da agência de classificação de risco Standard & Poor's de colocar em "estável" a perspectiva da nota soberana do Brasil e à turbulência geopolítica que levou investidores a se retirarem de ativos da Rússia. A confiança do investidor e a percepção de fragilidade da economia e de empresas brasileiras em certos aspectos continuam inalteradas, acrescentou ele.

"O rali teve mais relação com uma recuperação técnica do que com uma requalificação do Brasil ou melhora nos fundamentos", disse Firetti durante evento promovido pelo Bradesco BBI em São Paulo. "É difícil dizer se essa tendência vai durar muito. No curto prazo há força, com certeza."

A movimento de compra de ações ganhou impulso com o ingresso líquido de 2,9 bilhões de reais de recursos estrangeiros na Bovespa no mês passado, o maior volume desde setembro. Nos primeiros quatro dias de abril, o saldo externo na bolsa está positivo em 1,4 bilhão de reais e no acumulado do ano, em 4,8 bilhões de reais, segundo dados da BM&FBovespa.


Nos últimos dias, pesquisas de opinião que mostraram declínio na aprovação do governo da presidente Dilma Rousseff também ajudaram a impulsionar o mercado acionário brasileiro.

Com isso, melhorou a performance do Brasil em relação aos demais mercados emergentes, que estão se beneficiando do crescente apetite por risco dos investidores estrangeiros.

Mas o rali acionário no Brasil pode perder força diante da lentidão da economia, da persistente inflação alta, do risco de problemas no fornecimento de energia e de turbulências antes das eleições presidenciais de outubro, disse Firetti.

Um indicador técnico conhecido como "relative strength index" (índice de força relativa) subiu para o nível mais alto de "exposição excessiva" desde fevereiro de 2012, sugerindo que o Ibovespa irá devolver alguns dos ganhos nas próximas sessões.

O Ibovespa fechou em baixa de 1 por cento nesta terça-feira.

O Bradesco BBI está recomendando aos clientes manterem a cautela em relação ao rali e se concentrarem em histórias onde a recuperação nos preços das ações parece sustentável, disse Firetti. Ações de bancos e de empresas do setor financeiro devem avançar neste ano, principalmente por causa da tendência de alta nos juros da economia e da maior demanda dos brasileiros por serviços financeiros.

Algumas das companhias que o Bradesco BBI tem recomendação de "compra" incluem a empresa de planos de saúde coletivos Qualicorp, BB Seguridade, Suzano Papel e Celulose e as empresas de alimentos M Dias Branco e BRF.

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