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IPO da Raízen: prazo para entrar acaba na segunda. Vale a pena participar?

Gigante mundial em biocombustíveis, joint venture de Cosan e Shell, realiza um dos maiores IPOs da história da bolsa brasileira; estreia será na quinta

Usina de etanol da Raízen: empresa é maior produtora mundial de etanol e de biomassa de cana | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Usina de etanol da Raízen: empresa é maior produtora mundial de etanol e de biomassa de cana | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

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Beatriz Quesada

Publicado em 29 de julho de 2021 às 11h24.

Última atualização em 1 de agosto de 2021 às 21h25.

O pequeno investidor interessado em participar da oferta pública inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) da Raízen tem até esta segunda-feira, 2 de agosto, para decidir entrar na oferta e formalizar seu pedido junto à corretora em que tem conta. A joint venture dos grupos Cosan (CSAN3) e Shell estreia na B3 no dia 5, com o ticker RAIZ4.

Líder mundial em biocombustíveis, a Raízen pode levantar 6,9 bilhões de reais no IPO, considerando o ponto médio da faixa indicativa, que vai de 7,40 reais a 9,60 reais por papel. O preço das ações será definido na terça-feira, dia 3, após o encerramento do período de reservas para participar da oferta.

Se as ações saírem pelo preço máximo e houver demanda suficiente para a colocação de lotes extras, o IPO pode captar até 10,4 bilhões de reais, o que colocaria a oferta entre as maiores da história da B3. Até o momento, o maior IPO já registrado na bolsa brasileira foi o do Santander Brasil (SANB11) em 2009, que levantou 13,2 bilhões de reais.

A oferta é primária, ou seja, todos os recursos serão encaminhados para o caixa da companhia, sem venda de participação dos sócios Cosan e Shell, que continuarão como controladores da empresa, com cada um detendo em torno de 45% do negócio. A Raízen afirmou que pretende usar os recursos da oferta para construir novas plantas para expandir a produção e as vendas de biocombustíveis.

Todas as 810 milhões de ações ofertadas serão preferenciais, ou seja, não dão direito a voto. Os investidores que quiserem participar do IPO precisam avisar sua corretora sobre quantos papéis gostaria de comprar no IPO e por qual preço. O valor mínimo para participar é de 3.000 reais, e o máximo, de 1 milhão de reais.

Vale a pena? Entenda o que os analistas pensam da oferta:

Alta escala

Um consenso entre analistas é que a Raízen é destaque em suas duas áreas de operação: a produção de açúcar e combustíveis renováveis e a distribuição de combustíveis. 

Na primeira frente, a Raízen acumula os postos de maior produtora mundial de etanol e de biomassa de cana e maior exportadora global de açúcar. A empresa é ainda a maior geradora de energia elétrica a partir de biomassa do Brasil e a operadora de uma das maiores plantas de biogás no mundo. Já em distribuição, a Raízen opera a segunda maior rede da América do Sul.

“A Raízen tem uma escala na produção de etanol inigualável no mundo. Além disso, ao operar a segunda maior rede de distribuição de combustíveis no Brasil e Argentina, a operação se torna uma das maiores compradoras de combustíveis desses países. Essa situação fornece uma escala diferenciada e um bom poder de negociação junto aos fornecedores”, afirmam os analistas da Suno.

Um IPO ESG

O foco em combustíveis renováveis como etanol e biomassa coloca a Raízen em posição de destaque em companhias que adotam critérios ESG, que avaliam questões ambientais, sociais e de governança.

Analistas apontam ainda que a Raízen é a empresa mais bem posicionada globalmente para explorar o etanol de segunda geração, produzido a partir do rejeito da cana-de-açúcar. O produto emite um volume de gases de efeito estufa 80% menor do que o emitido no ciclo da gasolina brasileira e da norte‐americana, atraindo investidores interessados em sustentabilidade.

“Essa tecnologia é vantajosa porque aumenta a produção de etanol em até 50%, usando a mesma área de cultivo. Além disso, seu preço global tem um prêmio de 70% em relação ao etanol de primeira geração [produzido a partir do melaço da cana], permitindo a captura de margens atrativas por parte da companhia”, afirma a equipe de analistas da Empiricus em relatório sobre a oferta.

Quais são os riscos

Para a Empiricus, o principal risco da Raízen reside na execução do ambicioso plano de crescimento da companhia para os próximos anos. “Além disso, acompanharemos o risco de substituição dos combustíveis derivados do petróleo -- caso da maioria dos produtos que a empresa opera”, dizem os analistas.

A Suno ressalta ainda a competição acirrada no mercado de distribuição de combustíveis. “A competição no segmento de distribuição pode se tornar mais acirrada, à medida que o processo de privatização das refinarias da Petrobras avance e players privados entrem no setor”, argumentam.

Entrar ou não na oferta?

A Suno considera a empresa “qualificada”, mas afirma que o valuation não é atrativo. A casa de análise estima que o valor justo por ação da Raízen seria 7,48 reais e, considerando que o piso da faixa é de 7,40 reais, os analistas não recomendam entrar no IPO.

A Empiricus, por outro lado, afirma que o valuation está atrativo para quem acredita que a empresa vai entregar o que se propõe. A recomendação é entrar na oferta até o teto da faixa indicativa, de 9,60 reais, com lock‐up, para ter mais chances de alocação na oferta, uma vez que a demanda deve ser alta.

Os analistas da Levante também recomendam entrar na operação até o topo da faixa indicativa, com uso do lock-up. “Reforçamos a recomendação de manter as ações em seu portfólio mirando o longo prazo, de modo que os projetos se materializem e sejam gradualmente incorporados aos resultados e, por consequência, no preço das ações”, dizem em relatório.

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