Mercados

40 bilhões de reais depois, a ação da OGX já caiu demais?

Petroleira de Eike Batista despenca na bolsa e agora está abaixo do consenso do mercado


	Papéis voltaram a ficar abaixo da média do consenso do mercado
 (Divulgação)

Papéis voltaram a ficar abaixo da média do consenso do mercado (Divulgação)

DR

Da Redação

Publicado em 5 de abril de 2013 às 16h49.

São Paulo – A OGX (OGXP3) já foi uma empresa mais difícil de ser analisada pelo mercado. Sem ainda as certezas sobre as reservas comprovadas ou o nível de produção dos poços em desenvolvimento, o mercado se baseava em estimativas da própria empresa ou com a crença de que boa parte do que era projetado de fato se concretizaria.

Em setembro de 2011, as ações estavam tão na moda que chegaram a figurar entre as 10 mais caras entre os mercados emergentes, segundo o Credit Suisse. Uma olhada para o que o mercado pensava há um ano mostra a mudança de 180 graus nas estimativas dos analistas.

Em 9 maio de 2012, por exemplo, o consenso para o preço-alvo da OGX era de aproximadamente 22 reais. Isso enquanto as ações eram negociadas próximas a 14 reais e a empresa tinha um valor de mercado de 43,8 bilhões de reais.

Apenas algumas semanas depois, após a publicação do resultado do primeiro trimestre de 2012, as ações passaram a ser negociadas abaixo do preço da oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) que foi de 11,31 reais por ação.

O grande tropeço

Mas a coisa ficou feia mesmo em 26 de junho, quando as ações despencaram 41% em apenas uma semana após o mercado receber mal o detalhamento sobre a vazão de dois poços no Campo de Tubarão Azul, na Bacia de Campos.


Após cinco meses de testes, a empresa concluiu que a área teria uma capacidade de vazão ideal de 5 mil barris de óleo equivalente por dia para os dois primeiros poços em estágio inicial. O mercado esperava algo em torno de 15 mil a 20 mil barris por dia.

A petroleira se defendeu e disse que o mercado estava errado em sua avaliação porque teria extrapolado a estimativa de vazão de Tubarão Azul para os demais poços. A empresa convocou uma teleconferência para explicar a situação, mas não convenceu o mercado na ocasião. "O único risco que eu nunca tomei é o risco financeiro de não ser capaz de executar meus projetos”, disse Eike Batista à época.

Eike chegou a indicar o diretor presidente da OSX (OSXP3), Luiz Eduardo Guimarães Carneiro, para ocupar a presidência da OGX no lugar de Paulo Mendonça.

Cartadas

Em outubro, já muito questionada sobre a capacidade de fazer frente à massiva necessidade de investimentos, Eike surpreendeu o mercado com o comprometimento de investir 1 bilhão de reais na empresa com a compra de ações ao valor de 6,30 reais cada.

A notícia ajudou a reduzir um pouco a desconfiança sobre a capacidade de financiamento, mas não foi o suficiente. As opções poderão ser exercidas pela OGX até 30 de abril de 2014.


Em uma tentativa de melhorar a imagem com o mercado, a OGX chegou a anunciar em dezembro que evitaria dar resultados de curto prazo para o mercado para não criar expectativas equivocadas.

Nova realidade

Agora, em abril de 2013, a situação é bastante diferente. O valor de mercado da OGX despencou para cerca de 7 bilhões de reais e o preço-alvo dos analistas também. A percepção dos investidores com a empresa voltou a se deteriorar após a agência de classificação de risco Standard and Poor’s cortar o rating da empresa de B para B-. A perspectiva é negativa, o que significa que uma nova ação sobre a nota da empresa pode ser de um novo corte.

A S&P disse que o nível de produção em cada um dos dois primeiros poços da empresa estabilizou-se em aproximadamente 5.000 barris por dia, bem abaixo das expectativas iniciais de 10.000. Além disso, o terceiro poço conseguiu apenas uma produção de 3.800 barris diários.

A agência explica que a OGX irá permanecer bastante alavancada até 2015, quando a dívida recuaria rapidamente como resultado do aumento da produção. Até lá, as analistas estimam que a empresa precisaria de fontes adicionais de caixa para manter os investimentos atuais.

Um levantamento com 9 analistas (Planner, Ágora, Citi, Santander, Merrill Lynch, Credit Suisse, Deutsche Bank, Itaú BBA e UBS) projeta um valor de apenas 2,08 reais. Ainda assim, considerando o preço de 1,64 real, a mínima desta sexta-feira, isso confere um potencial de valorização de quase 27%.

Há mais certeza sobre o que a OGX possui hoje do que no IPO em 2008. Afinal, aos poucos a empresa deixou de ser pré-operacional. Mas o mercado ainda patina ao tentar precificar o que é real e o que pode ser considerado possível para ser inserido na análise. Contudo, o fato é que os analistas se tornaram mais cautelosos e realistas. Está barato? Bom, depende do que cada um vê como possível. Abaixo, as projeções de nove analistas à OGX:

Analista R$
Planner 2,6
Ágora 2
Citi 2,15
Santander 1,8
ML 1
Credit suisse 2
Deutsche Bank 2
Itaú BBA 2,9
UBS 2,3
Média 2,08
Acompanhe tudo sobre:Análises fundamentalistasB3bolsas-de-valoresEmpresasGás e combustíveisIndústria do petróleoMercado financeiroOGpar (ex-OGX)OGXP3Petróleo

Mais de Mercados

Mercados internacionais sobem com PIB da China e expectativa por balanços nos EUA

Volume de negociação de títulos de alto risco atinge recorde diário em 2025, aponta JPMorgan

Operadora de 27 cassinos, Maverick Gaming entra com pedido de falência nos EUA

Dólar encosta nos R$ 5,60 ainda sob efeito das tarifas de Trump