Airbus (AIRB34) (Bobby Yip/Reuters/Reuters)
As maiores fabricantes de aviões comerciais do mundo, Airbus (AIRB34) e Boeing (BOEI34), divulgaram nos últimos dias os resultados do segundo trimestre de 2022.
Os números mostram como, na competição para a liderança global do setor de aviação civil, a Airbus está na frente da rival Boeing.
No final de junho de 2022, a Airbus registrou uma carteira de pedidos de 7.046 aeronaves. Mais de 50% superior a carteira de 4.200 aviões encomendados pela Boeing.
Nos primeiros seis meses do ano, a fabricante europeia entregou 297 aeronaves e registrou 259 pedidos líquidos. Por sua vez, a concorrente americana entregou 216 aviões e registrou 205 pedidos líquidos.
Por outro lado, o faturamento da Boeing foi de US$ 16 bilhões contra os US$ 13 bilhões registrados pela Airbus.
Mas mesmo com esse faturamento menor, os lucros da Airbus foram cinco vezes superiores aos da Boeing, sendo de US$ 660 milhões da europeia contra os US$ 160 milhões da americana.
No semestre, essa diferença aparece ainda mais claramente, com a Airbus que obteve um lucro líquido de US$ 1,8 bilhão contra o prejuízo da Boeing de US$ 1,08 bilhão.
Esse resultado negativo da fabricante americana foi maior do que o esperado por causa, principalmente, de uma queda na atividade de defesa e pesadas provisões que foi forçada a realizar em alguns programas, como o do futuro drone de reabastecimento da Marinha dos EUA, o MQ-25.
A crise provocada pelos problemas do Boeing 737 MAX Dreamliner, agora autorizado a voar em todos os continentes, está diminuindo, mas ainda pesa no balanço da Boeing.
Ainda assim, a diretoria da Boeing se demonstrou otimista.
As encomendas recebidas na feira aérea de Farnborough aumentaram a moral da administração da gigante americana, assim como a retomada das entregas do 737 MAX Dreamliner, que alcançaram 31 exemplares por mês.
As entregas do Dreamliner foram interrompidas por mais de um ano por inspeções e reparos para corrigir defeitos de fabricação e a Boeing ainda precisa gastar cerca de US$ 2 bilhões em provisões no programa.
“O 737 MAX está de volta ao jogo, o pior da crise do Covid ficou para trás e esperamos gerar fluxo de caixa positivo ao longo do ano”, resumiu o CEO da Boeing, David Calhoun.
O tão esperado sucesso do segundo voo de teste da cápsula espacial Starliner também deu um alivio para o grupo.
Entretanto, a Boeing está lutando para lidar uma série de problemas: gargalos na cadeia de suprimentos, escassez de mão de obra e inflação.
“Mesmo com forte demanda, não buscaremos aumentar as taxas de produção ou acelerar nosso sistema”, escreveu o CEO em uma mensagem aos funcionários.
As mesmas preocupações enfrentadas pela Airbus.
O CEO da fabricante europeia, Guillaume Faury, revisou para baixo o objetivo de entregar aeronaves este ano, de 720 para 700 unidades.
Por outro lado, o executivo está pressionando o seu time para acelerar o máximo possível as entregas e está obcecado em aumentar a taxa de produção de aviões.
Todavia, por causa das contingências complicadas do mercado, a Airbus adiou em seis meses o objetivo de entregar 45 aviões por mês da família do A320, passando do segundo semestre de 2023 para o início de 2024.
A empresa ainda tem a meta de produzir 75 aeronaves de corredor único por mês em 2025.
Considerando os números do primeiro semestre, a Airbus tem uma vantagem competitiva nessa corrida para a maior produção: mais recursos financeiros disponíveis. E isso poderia fazer toda a diferença na disputa com a Boeing.