Mercados

Queda nas taxas de DI sinaliza voto de confiança em Tombini

Mercado acredita que o futuro presidente do BC vai aumentar o juro básico o suficiente em suas primeiras semanas no cargo para conter a inflação

Alexandre Tombini, futuro presidente do BC: expectativas sobre o aumento dos juros (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

Alexandre Tombini, futuro presidente do BC: expectativas sobre o aumento dos juros (Fabio Rodrigues Pozzebom/AGÊNCIA BRASIL)

DR

Da Redação

Publicado em 29 de novembro de 2010 às 05h49.

Nova York e Brasília - Alexandre Tombini, escolhido pela presidente eleita Dilma Rousseff para presidir o Banco Central, vai aumentar o juro básico o suficiente em suas primeiras semanas no cargo para conter a inflação. É o que mostram os negócios com contratos futuros de juros.

A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro para 2014 caiu 22 pontos-base, enquanto a taxa do contrato com vencimento em 2012 saltou 25 pontos-base desde 22 de novembro. A diferença entre os dois contratos teve a maior retração desde março de 2006.

Investidores apostam que Tombini -- que ajudou a elaborar o regime de metas de inflação em 1999 e faz parte da diretoria do BC há cinco anos -- vai conseguir desacelerar o ritmo de alta dos preços ao consumidor, que atingiu 5,2 por cento em outubro, a mais elevada em cinco meses. Essa taxa de inflação é duas vezes maior do que a do Canadá e se compara à de 1,2 por cento nos Estados Unidos. Tombini, que vai substituir Henrique Meirelles, disse em 25 de novembro que terá autonomia para decidir sobre os juros e trazer a inflação para a meta.

“Tombini é o arquiteto do regime de metas de inflação do Brasil”, Alberto Ramos, economista do Goldman Sachs Group Inc. em Nova York, disse numa entrevista por telefone. “Ele conhece tudo isso e não haverá uma curva de aprendizado para ele. A inflação está se acelerando. Não há muito espaço para esperar.”

Ramos prevê que Tombini, 46 anos, vai começar a subir a taxa Selic em janeiro. Com altas de 50 pontos-base, em cinco reuniões consecutivas, os juros subiriam dos atuais 10,75 por cento para 13,25 por cento.

Meta

As taxas dos contratos futuros indicam que os operadores esperam que o BC comece a aumentar a Selic logo depois da próxima reunião de política monetária, em 9 de dezembro, levando-a para cerca de 12,50 por cento até o fim de 2011, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

O BC persegue a meta de inflação de 4,5 por cento, com tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.

Economistas subiram a estimativa para a inflação em 12 meses de 4,4 por cento no começo do ano para 5,2 por cento na semana passada, de acordo com a pesquisa do BC publicada em 22 de novembro. A inflação se acelerou após o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva aumentar o gasto público em 27 por cento nos primeiros nove meses do ano e os preços dos alimentos terem avançado no mês passado.

“Uma maneira de estabelecer credibilidade quando você é presidente da instituição num momento em que a inflação está aumentando é começar a subir”, Marcelo Salomon, economista- chefe para Brasil do Barclays Plc em Nova York, disse numa entrevista por telefone.

A diferença de taxas entre os contratos de DI com vencimento em 2012 e 2014 se estreitou para 14 pontos-base, contra 61 pontos-base em 22 de novembro, quando a distância era a mais ampla em sete meses. No México, a diferença de taxas entre os contratos de swap de juros com prazos de um ano e três anos aumentou 13 pontos-base no mesmo período, após o BC local afirmar que o crescimento econômico está próximo da capacidade máxima.

Acompanhe tudo sobre:Alexandre Tombiniaplicacoes-financeirasBanco CentralEconomistasFundos de investimentoFundos DIJurosMercado financeiroPersonalidades

Mais de Mercados

"O Brasil deveria ser um país permanentemente reformador", diz Ana Paula Vescovi

Tesla bate US$ 1 trilhão em valor de mercado após rali por vitória de Trump

Mobly assume controle da Tok&Stok com plano de sinergias e reestruturação financeira

Trump não deverá frear o crescimento da China, diz economista-chefe do Santander