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Queda dos juros faz investidor buscar opções mais arrojadas

Uma das opções disponíveis no mercado que tem ganhado espaço no portfólio dos bancos e corretoras é o Certificado de Operações Estruturadas

COE: inicialmente era um título voltado para o público de alta renda (nito100/Thinkstock)

COE: inicialmente era um título voltado para o público de alta renda (nito100/Thinkstock)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 24 de julho de 2017 às 10h32.

São Paulo - Com uma perspectiva de ganhos cada vez menores na renda fixa por conta da queda na taxa básica de juros, especialistas recomendam diversificar a carteira para assegurar uma boa rentabilidade.

Uma das opções disponíveis no mercado que tem ganhado espaço no portfólio dos bancos e corretoras é o Certificado de Operações Estruturadas (COE). A vantagem do produto é a possibilidade de combinar, em uma única aplicação, segurança de um investimento em renda fixa com ganhos mais expressivos possibilitados pela renda variável.

O investimento funciona como uma cesta de diferentes produtos, de títulos de renda fixa a derivativos, e segue um objetivo específico, como, por exemplo, proteção contra a alta do dólar ou da inflação. A "blindagem" contra o risco na comparação com outras modalidades vem da garantia, na maioria dos COEs, do valor nominal do investimento. "O COE é uma opção segura que 'trava' as eventuais perdas, garantindo pelo menos o valor inicial investido", explica Fábio Zenaro, superintendente de produtos da B3.

Ao permitir montar várias opções conjugadas, o COE diminui o valor total do investimento e unifica a tributação, que segue o regime da renda fixa. Com isso, explica Eduardo Contani, especialista em finanças da Fecap, o produto se torna um atrativo para aquele investidor com pouco conhecimento da dinâmica do mercado de capitais.

Emitidos pelos bancos desde 2014, o COE inicialmente era um título voltado para o público de alta renda, acostumado com investimentos sofisticados. Com a regulamentação da oferta pública, em fevereiro de 2016, as corretoras passaram a disseminar o produto para a sua base de clientes, baixando o tíquete de entrada e investindo em educação financeira.

A XP Investimentos, que pulou de 10 mil clientes posicionados em COE para 30 mil nos últimos seis meses, aposta que o instrumento se tornará, até o início de 2018, um dos principais produtos da carteira de seus clientes. "Estamos investindo em educação financeira. No nosso aplicativo, temos vídeos que explicam como determinada estratégia rentabiliza o investimento", explica Vitor Mansur, responsável pela mesa de produtos estruturados da XP.

Na Guide Investimentos, a maior parte dos COEs aposta na valorização de empresas e índices de ações no exterior, como Bolsa da Alemanha, Facebook, Tesla e Netflix. De acordo com o gerente de renda fixa da Guide, Bruno Carvalho, ao oferecer essas opções, a corretora chegou a 763 clientes no investimento em julho, um crescimento de 1.000% em relação a janeiro deste ano. "Treinamos nossos assessores para atrair cada vez mais aquele cliente que quer aplicar no exterior sem risco cambial e com capital protegido."

Bancos

Desde o início da comercialização, o Itaú detém a maior fatia do mercado de COEs. Hoje, seu estoque é de cerca de R$ 4,5 bilhões, ou 45% do total de R$ 9,2 bilhões que estão distribuídos no varejo, de acordo com dados da B3. Para Eric Altafim, diretor de produtos do Itaú BBA, o COE deve crescer cerca de 15% até o fim do ano.

No Bradesco, o diretor de Tesouraria, Paulo Waack, prevê que, se a Selic chegar ao patamar de 8% em dezembro, conforme prevê o mercado, é possível que haja um novo "boom" de procura pelo COE. "Conforme os clientes observarem que suas carteiras têm rendimentos menores, acreditamos em um crescimento substancial desse mercado."

Entenda como funciona o COE

1. Rentabilidade. O investidor aposta na alta ou na baixa de ativos, como índices de ações e de câmbio. Se o cenário se concretizar no vencimento do título, a rentabilidade é garantida.

2. Apetite ao risco. O COE é um produto que também prevê perda de dinheiro. Por isso, as instituições financeiras são obrigadas a realizar uma análise detalhada do apetite ao risco de cada investidor.

3. Liquidez. É importante conhecer bem o banco ou corretora que emite o título antes de comprá-lo, uma vez que ele não é protegido pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Em caso de falência da instituição financeira, o investidor pode perder todo o dinheiro que aplicou em COE.

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