Mercados

Queda do Ibovespa e OGX reduzem patrimônio do ETF BOVA11

Patrimônio do fundo chegou a ficar abaixo de R$ 1 bilhão, com R$ 920 milhões na semana passada


	Bovespa: Ibovespa tem registrado a maior queda entre os demais índices no ano
 (.)

Bovespa: Ibovespa tem registrado a maior queda entre os demais índices no ano (.)

DR

Da Redação

Publicado em 12 de agosto de 2013 às 16h28.

São Paulo - A forte queda do Índice Bovespa neste ano, de 22% até sexta-feira, provocou uma forte redução do patrimônio do fundo negociado em bolsa (ETF na sigla em inglês) BOVA11, que reproduz o índice. O patrimônio do fundo chegou a ficar abaixo de R$ 1 bilhão, com R$ 920 milhões na semana passada, depois de ter fechado 2002 perto de R$ 1,8 bilhão.

Na sexta-feira, o patrimônio do fundo voltou a subir, acompanhando a recuperação do Ibovespa, para R$ 1,098 bilhão, ligeiramente acima do IT Now PIBB, pioneiro dos ETFs no Brasil e que reproduz o Índice Brasil 50 (IBrX-50), e que tinha R$ 1,080 bilhão na mesma data.

Lançado pelo BNDES há 9 anos, o PIBB chegou a ser novamente o maior ETF brasileiro durante boa parte do mês, com seu patrimônio registrando maior estabilidade que a do BOVA11.

Os ETFs são fundos de ações que reproduzem em suas aplicações as carteiras dos índices que adotam. Assim, ao comprar uma cota do fundo, o investidor tem uma rentabilidade parecida com o índice escolhido. É uma forma de aplicar em todas as ações do Ibovespa ou do IBr-X ou dos Índices de Dividendos ou de Small Caps com valores bem menores do que o necessário para comprar os papéis que os compõem.

Os fundos permitem que o investidor também troque as cotas pelas ações que constituem a carteira, o que se chama de destruição de cotas. No caminho contrário, o investidor pode também montar carteiras de ações e trocá-las pelas cotas do fundo, o que cria as ações e aumenta o patrimônio do fundo.

Mais destruição de cotas

O que tem acontecido neste ano no BOVA11, especialmente nos últimos dois meses, foi a destruição de cotas, com os investidores vendendo as cotas para os formadores de mercado que, por sua vez, trocam os papéis por ações com o gestor do ETF e as vendem no mercado. Esse movimento ocorre quando o índice cai muito e os investidores resolvem sair do mercado de ações.

E o Ibovespa tem registrado a maior queda entre os demais índices no ano, influenciado pelo peso maior de papéis como OGX, Petrobras e Vale. Na média, os ETFs em geral vêm perdendo 10% de seu patrimônio, enquanto o BOVA11 chegou a perder mais de 40%, para 20% de queda nas suas cotas. O PIBB têm perda de 18% no ano de patrimônio e 11% no valor das cotas, até quinta-feira, segundo a Economática.


Outro ETF que também perdeu bastante patrimônio foi o ECOO11, que acompanha o Índice de Carbono Eficiente (ICO2) e que foi lançado também pelo BNDES no ano passado. O ECOO11 perdeu 50% do patrimônio neste ano e têm hoje em carteira R$ 150 milhões, aproximadamente 20% dos R$ 712 milhões que tinha quando foi lançado. No mesmo período, suas cotas caíram 10%.

Distorções de OGX

A queda de patrimônio do BOVA11 reflete em boa parte a saída de investidores do mercado, mas pode também ser um sinal de troca de indexador por parte do mercado, especialmente os institucionais. O motivo é a grande volatilidade do Ibovespa e sua forma de cálculo, que leva a algumas distorções importantes, como o caso da OGX, empresa que vem perdendo valor no mercado, mas ganha peso no índice.

No dia 1º de setembro, o papel deve passar de 1,5% Ibovespa para 4,5%, o que obriga as carteiras que usam índice como referencial a comprar volumes maciços de ações por alguns dias apenas, puxando os preços e distorcendo o mercado.

Para resolver isso, a BM&FBovespa já anunciou que está estudando mudanças na metodologia do índice, mas apenas para o ano que vem, na próxima troca da carteira.

O mesmo não acontece em outros índices, que já foram construídos para evitar esse tipo de distorção. Um deles é o IBrX-50, do PIBB, que considera, além da liquidez da ação, também o seu valor de mercado para definir os pesos de sua carteira. No caso, OGX tem menos de 0,5% de peso no IBrX-50.

Troca de indexador

Essa distorção poderia estar levando alguns investidores institucionais a trocarem de referencial para suas carteiras, buscando índices menos voláteis, dizem analistas do mercado. Um sinal disso seria o aumento da negociação com os ETFs de PIBB11, que chegou a registrar volumes de negociação de até R$ 13 milhões por dia neste mês, para uma média de R$ 3 milhões no ano.

Ao mesmo tempo, a manutenção do patrimônio do fundo mostra que a aplicação sofreu menos que o BOVA11 em termos de saída de investidores.


O caso de OGX não afeta apenas os ETFs. Também o mercado futuro é afetado, pela dificuldade dos investidores conseguirem papéis para montar operações de arbitragem com o Índice Bovespa. Sem OGX para vender, não dá para fazer a arbitragem de vender a carteira o Ibovespa e comprar o Índice Futuro. E assim faltam compradores para o Ibovespa futuro, que acaba sendo negociado abaixo do índice à vista.

Na semana passada, o Ibovespa futuro para outubro chegou a ficar 400 pontos abaixo do à vista, enquanto o de agosto ficava 150 pontos abaixo. Isso equivaleria a um desconto no índice futuro de quase 1% para outubro.

Nesse caso, quem opera futuros de IBrX-50 teria mais facilidade em conseguir os papéis que precisa para montar operações de arbitragem entre o mercado à vista e o futuro. Houve um aumento no mercado futuro de IBrX neste ano, com mais de 400 contratos em aberto e volume negociado de R$ 30 milhões.

Mais pessoas físicas

Um motivo para a maior estabilidade do PIBB é a maior presença de pessoas físicas, explica Tatiana Grecco, responsável pela área de fundos passivos do Itaú. São 14 mil investidores, sem contar os que aplicam por meio de fundos de PIBB. Esse perfil de investidor e os ganhos acumulados desde o lançamento, em 2004, ajudariam o fundo a aguentar esses três anos de mercado ruim para a bolsa.

Uma situação diferente, por exemplo, do BOVA11, que tem cerca de 1 mil cotistas, segundo dados da Economática, ou do ECOO11, que teve 10 mil pessoas físicas, um pouco menos que o PIBB, mas começou em um período muito ruim para a bolsa brasileira. Hoje, o ECOO11 tem cerca de 1 mil investidores, segundo a Economática.

O aluguel de IBrX, em torno de 6% ao ano, também ajuda a melhorar a rentabilidade do investidor, que também perde menos na variação do índice em períodos como o atual que no Ibovespa.

Bom funcionamento é mais importante

A queda no patrimônio do BOVA11 é da própria natureza dos ETFs, explica Ricardo Cavalheiro, diretor da BlackRock Brasil, gestora do fundo e dona da marca iShare. “E já voltamos a superar o R$ 1 bilhão com a alta do fim da semana passada, o que pode continuar caso o mercado siga melhorando”, diz.


A queda reflete em grande parte o recuo do próprio Ibovespa desde o início do ano, observa Cavalheiro. “E, para reduzir a exposição ao mercado, a forma mais fácil é vender o ETF, que tem mais liquidez que muitos papéis, é natural”, explica.

A redução nos valores das ações da carteira do Ibovespa, de 20% no ano, também explicam parte da redução no patrimônio do fundo. “Mas o comportamento é o mesmo dos Estados Unidos, temos novos patamares de negociação das ações e alguns fluxos de saída, e o ETF é útil para tanto para entrar quando o mercado sobe quanto para sair quando ele cai, por nossa liquidez”, explica.

Cavalheiro destaca a aderência do BOVA11 ao Índice Bovespa, ou seja, a proximidade da variação dos dois. “O spread (diferença) médio do BOVA11 e da carteira do Ibovespa está em 0,10%, o que mostra que ele está funcionando bem em um momento mais agitado como este, e isso é mais importante do que o tamanho do fundo”, afirma o executivo.

Ele observa que o BOVA11 se mantém entre os 7 papéis mais negociados da bolsa e que os mecanismos de criação e destruição de cotas se comportaram muito bem.

Sobre o ECOO11 e os resgates mais fortes, Cavalheiro considera o movimento normal, e lembra que boa parte da saída ocorreu logo após o lançamento do fundo.

Abaixo, os dados dos ETFs negociados em bolsa e a variação do patrimônio e das cotas no ano com base nos dados do dia 7 de agosto.

Nome Patrimônio Variação PL ano Rentabilidade ano Cotistas
It Now Pibb Ibrx 50 1.035.689 -20,1 -12,1 14.189
Ishares Mid Large Cap 4.301 -9,9 -9,9 9
Ishares Ibovespa 914.982 -48,8 -22,1 1.012
Ishares Small Cap 112.675 -25,4 -17,1 191
It Now Igct Fundo de Indice 34.747 -55,2 -10,5 28
Ishares Indice Brasil Ibrx100 73.878 41,4 -10,7 10
Ishares Indice Imob. 2.729 -50 -24,9 48
Ishares Indice Consumo 9.057 -3,6 -3,6 59
It Now IFNC 12.849 -53,4 -6,8 63
It Now ISE 31.592 163,2 -6 32
It Now IMAT 13.252 -18,3 -18,3 22
It Now índice Dividendos 51.183 -25,9 -12,4 1.630
Caixa ETF Ibovespa 69.214 33,7 -21,6 37
Ishares Ind Util Pública 6.486 42,1 -5,3 15
Ishares Ind Carbono Efic Ico2 151.826 -53,7 -10,4 1.148

Fonte: Economática, BM&FBovespa, Andima. Patrimônio em R$/mil em 7 de agosto e variação do PL e rentabilidade no ano, em %.

Acompanhe tudo sobre:B3bolsas-de-valoresEmpresasGás e combustíveisIbovespaIndústria do petróleoMercado financeiroOGpar (ex-OGX)OGXP3Petróleo

Mais de Mercados

Escândalo de suborno nos EUA custa R$ 116 bilhões ao conglomerado Adani

Dividendos bilionários da Petrobras, pacote fiscal e cenário externo: assuntos que movem o mercado

Ação da Netflix tem potencial de subir até 13% com eventos ao vivo, diz BofA

BTG vê "ventos favoráveis" e volta recomendar compra da Klabin; ações sobem