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Queda do ex-queridinho Brasil para junk consolida estagnação

O Brasil sofreu uma queda de tirar o fôlego quando deixou de ser o favorito dos investidores e se tornou um pária dos mercados emergentes


	Bandeira do Brasil em Salvador: na quarta-feira, a maior economia da América Latina perdeu seu grau de investimento
 (REUTERS/Jorge Silva)

Bandeira do Brasil em Salvador: na quarta-feira, a maior economia da América Latina perdeu seu grau de investimento (REUTERS/Jorge Silva)

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Da Redação

Publicado em 17 de dezembro de 2015 às 21h27.

O Brasil sofreu uma queda de tirar o fôlego quando deixou de ser o favorito dos investidores e se tornou um pária dos mercados emergentes.

E ela não dá sinais de desacelerar.

Na quarta-feira, a maior economia da América Latina perdeu seu grau de investimento quando a Fitch passou a ser a segunda das três principais agências de classificação de risco a rebaixar o Brasil para junk.

E um terceiro rebaixamento, desta vez pela Moody’s, não deve demorar a chegar, pois as contas públicas estão piorando e o impasse político continua, de acordo com Jorge Piedrahita, da Torino Capital.

O Brasil, antes chamado de “estrela em ascensão”, ganhou um novo título: é o maior tomador de empréstimos soberanos de grau especulativo. Trata-se de uma inversão impressionante em relação ao período de glória do final dos anos 2000, quando o país, aproveitando o boom das commodities, se livrou da crise financeira que sacudia o mundo desenvolvido e conquistou seu primeiro grau de investimento.

Em 2009, o real detinha o melhor desempenho do mundo entre as principais moedas e o ganho de 145 por cento em dólares do Ibovespa superava todos os outros grandes mercados acionários do mundo. Neste ano, o real está registrando a maior queda e o índice de referência apresenta uma baixa de 39 por cento.

“Os investidores fizeram vistas grossas aos desequilíbrios que se acumularam” durante os anos de boom, disse Piedrahita, CEO da Torino, que negocia mais de US$ 1 bilhão por mês em dívidas de mercados emergentes. “Isso define um tom muito ruim para o próximo ano. O país está ficando refém da política”.

Poderia ser pior?

Para muitos investidores, é difícil imaginar que as coisas poderiam ter ficado piores neste ano. Além de um amplo escândalo de corrupção ter ajudado a empurrar o país para a recessão, o que provocou uma onda de falências e desemprego, os parlamentares estão tão focados em lutar pela própria sobrevivência que não conseguem se concentrar em colocar a economia novamente nos trilhos.

O processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff começou e tanto o presidente da Câmara quanto o do Senado foram acusados de corrupção.

“A justificativa do rebaixamento é uma declaração do óbvio ululante: a contundente deterioração do ambiente político está intensificando a desaceleração econômica e sabotando as perspectivas de reforma”, disse Nicholas Spiro, diretor administrativo da Spiro Sovereign Strategy em Londres. “Os problemas políticos, econômicos e financeiros estão se retroalimentando”.

O status de junk poderia levar os investidores a vender US$ 1,6 bilhão em bonds do Brasil, disse Bruno Rovai, economista do Barclays, em uma nota enviada por e-mail na quarta-feira.

Retrato da queda

Veja um retrato da queda do Brasil desde que o país conquistou o grau de investimento da Standard & Poor’s, da Fitch e da Moody’s em 2008 e 2009:

1. O real despencou 60 por cento desde o pico de 1,54 por dólar registrado em 2011. Ao mesmo tempo, o CDS quadruplicou.

2. À medida que as finanças do Brasil deterioraram, a inflação disparou. O déficit orçamentário explodiu, atingindo 9,5 por cento do PIB no período de 12 meses até outubro de 2015, contra 1,3 por cento no ano que terminou em outubro de 2008. A inflação havia subido 10,5 por cento no fim de novembro, mais de duas vezes o ponto médio da faixa meta do Banco Central e a taxa mais alta desde setembro de 2003.

3. Os índices de confiança do consumidor e da indústria caíram e registraram baixas recordes. A economia deverá ter contração de 3 por cento neste ano e 1,3 por cento em 2016.

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