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Queda de fusões e aquisições acende alerta sobre cenário econômico

Incerteza econômica e menor apetite ao risco reduzem número de ngócios e volume transacionado em M&A

Fusões e aquisições: número de negócios superiores R$ 50 cai de 279 para 201 em 2022 (Skynesher/Getty Images)

Fusões e aquisições: número de negócios superiores R$ 50 cai de 279 para 201 em 2022 (Skynesher/Getty Images)

Publicado em 28 de fevereiro de 2023 às 06h00.

Última atualização em 28 de fevereiro de 2023 às 07h45.

Esfriou o volume de grandes fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês) no Brasil. Isso é o que mostram os dados do M&A Brazil Report 2022, produzido pela RGS Partners. Foram feitos 201 negócios acima de R$ 50 milhões no ano passado contra 279 em 2021. Em valor movimentado, a queda foi de 29%, de R$ 302 bilhões para R$ 214 bilhões.

"O ano foi fortemente impactado por questões globais, como inflação, taxa de juros e guerra na Ucrânia", afirmou Guilherme Stuart, sócio da RGS Partners. A esses fatores, Stuart ainda adiciona as incertezas relacionadas ao ano eleitoral e ao futuro da economia brasileira. "Anos eleitorais naturalmente trazem cautela devido à incerteza política."

Empresas estrangeiras, segundo o relatório, ajudaram a impedir um ritmo ainda menor de fusões e aquisições no país. No ano passado, elas aumentaram sua participação em negócios realizados no Brasil de 38% para 43%. Em volume transacionado, a fatia de companhias internacionais cresceu de 27% para 29%.

Guilherme Stuart, sócio da RGS Partners (RGS Partners)

Em 2022, o setor de tecnologia foi quem liderou em número de transações pelo quarto ano consecutivo. Foram 46 no ano passado. Utilities e instituições financeiras apareceram na sequência, com 23 e 22 negócios de fusão e aquisição, respectivamente.

M&A por setor

Em volume financeiro, foi o setor de utilities que liderou, movimentando R$ 56 bilhões em fusões e aquisições no ano passado. Os setores de materiais básicos e energia transacionaram, respectivamente, R$ 29 bilhões e R$ 27 bilhões.

O cenário mais fraco para fusões e aquisições deve persistir neste ano, disse Guilherme Stuart. "Não esperamos um grande aumento no volume de transações para este ano em relação ao ano passado, visto que o ciclo de M&A é bastante longo", afirmou.

Perspectiva para este ano

"Mesmo com a estabilização na inflação e alguma queda nas taxas de juros, o que aumenta o apetite dos compradores, leva tempo até que os M&As sejam concluídos". Os números só devem melhorar, segundo ele, em 2024.

Os primeiros números de 2023, inclusive, têm demonstrado um ritmo ainda mais baixo de fusões e aquisições. Segundo levantamento da Kroll, ao todo, foram realizadas 99 operações de M&A em janeiro, 24% abaixo do registrado no mesmo período do ano passado.

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