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Queda da ação do Itaú não tem justificativa, afirmam analistas

Papéis têm o pior desempenho em 12 meses na comparação com pares do setor na bolsa

No últimos 12 meses, as ações preferenciais do Itaú Unibanco apresentam queda frente aos seus pares, com desvalorização de 9,6% (Pedro Zambarda/EXAME.com)

No últimos 12 meses, as ações preferenciais do Itaú Unibanco apresentam queda frente aos seus pares, com desvalorização de 9,6% (Pedro Zambarda/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 15 de julho de 2011 às 16h35.

São Paulo – As ações preferenciais do Itaú Unibanco (ITUB4) são a melhor opção de investimento do setor financeiro, aponta recente relatório do HSBC. Para a equipe de análise do banco, formada por Carlos Nunes, Débora Agonilha e Flávia Araújo, a piora na qualidade do crédito esperada para todo o segmento, deve ser compensada por melhores eficiências de custos.

“Esperamos uma discreta recuperação nas margens de intermediação financeira, devido a um melhor mix de crédito e à reprecificação de empréstimos. Vemos oportunidades de maiores retornos nas operações de varejo, visto que os grandes investimentos feitos na rede de agências e em TI estão concluídos”, explicam os analistas.

A recomendação de alocação acima da média de mercado (overweight) foi reiterada. O preço-alvo em 12 meses para os ativos é de 47 reais, o que representa um potencial de valorização de 43%.

Preço justo?

No desempenho dos últimos 12 meses, as ações preferenciais do Itaú Unibanco apresentam uma queda frente aos seus pares, com desvalorização de 9,6%. No mesmo período, as ações ordinárias do Banco do Brasil (BBAS3) caem 0,6%, enquanto as preferenciais do Bradesco (BBCD4) sobem 5,3%. O índice que reflete o comportamento dos papéis de instituições financeiras na bolsa brasileira, o IFNC, mostra uma queda de 5,5% no mesmo período.

“Esta distorção não é justificável, especialmente pelos bons fundamentos da instituição, que possui qualidade na carteira de crédito”, destaca o relatório. O HSBC lembra ainda que os números da Serasa quanto à perspectiva de inadimplência para os próximos seis meses mostram acomodação para o consumidor e crescimento menor no segmento corporativo.

Recentemente, o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, afirmou que o menor índice de atrasos de 15 a 90 dias no pagamento de crédito deve levar a uma redução da inadimplência (que considera não pagamentos acima de 90 dias). "Mais à frente, a inadimplência deve se estabilizar e cair", disse Tombini, em audiência pública na Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado.

“O Itaú Unibanco é o banco que possui maior exposição a cartão de crédito, veículos, além de crédito para grandes corporações, que são justamente as categorias de crédito que menos serão afetadas pela inadimplência, segundo os números da própria Serasa”, explicam os analistas do HSBC. Já em termos de despesas operacionais, a equipe ressalta que o Itaú começou a produzir resultados de contenção de custos no primeiro trimestre de 2011, e acreditam que essa tendência deve continuar nos próximos trimestres.

“A administração vê grandes oportunidades para extrair eficiências da antiga rede de agências do Unibanco, ao passo que, no médio prazo, a melhoria no índice de eficiência é mais motivada por um aumento na venda casada a clientes existentes, bem como pela maior penetração bancária”, conclui o relatório.

Menina dos olhos

A BlackRock, maior gestora de fundos de investimentos do mundo e que tem no Brasil a maior parte dos seus ativos alocados dentro da América Latina, demostrou recentemente sua preferência pelas ações do Itaú Unibanco. O banco está entre as principais participações da BlackRock nas companhias brasileiras, com uma fatia de 7,1% pertencente à gestora de recursos.

“Não acredito em bolha no mercado financeiro e no setor de construção civil, a demanda ainda vai continuar forte, sustentada, principalmente, pelo aumento de renda e oferta de empregos”, disse na ocasião o gestor Will Landers.

Recente desempenho

O Itaú Unibanco fechou o primeiro trimestre deste ano com lucro líquido de 3,53 bilhões de reais, o que representa um crescimento de 9,1% em relação ao mesmo período do ano passado. O destaque foram os empréstimos para empresas, que cresceram 24,2%, enquanto as de varejo evoluíram 18,6%.

O nível de inadimplência, medido pelo saldo de operações vencidas com prazo superior a 90 dias, ficou em 4,2%, o mesmo patamar dos últimos dois trimestres, mas abaixo dos 4,8% do primeiro trimestre do ano anterior. Os ativos totais do Itaú Unibanco somavam 778,472 bilhões de reais, ante 630,2 bilhões de reais no fim de março do ano passado.

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