Invest

Gestora que apostou na queda de Magalu revela nova estratégia

Norte Asset, do gestor Gustavo Salomão, ex-Garantia e ex-Credit Suisse, montou posição short quando a ação estava a 25 reais, no começo do ano; ele revelou estratégia no videocast Clube, da EXAME Invest

Gustavo Salomão: sócio-fundador e CIO da Norte Asset | Foto: Reprodução/Youtube (Youtube/Reprodução)

Gustavo Salomão: sócio-fundador e CIO da Norte Asset | Foto: Reprodução/Youtube (Youtube/Reprodução)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 15 de dezembro de 2021 às 06h05.

Última atualização em 5 de janeiro de 2022 às 19h57.

As ações do Magazine Luiza (MGLU3) estão entre as que mais caem em 2021 entre os 91 papéis que compõem o Ibovespa, com queda de 77%. O recuo, considerado surpreendente para umas das ações que mais subiram nos últimos anos, já era no entanto esperado pelos gestores da Norte Asset. Eles apostaram na baixa das ações desde o lançamento de seu fundo long bias, em janeiro, e operaram vendidos desde quando a cotação estava em torno de 25 reais. O papel encerrou a terça-feira, dia 14, a 5,74 reais. 

A venda a descoberto (short selling) é uma operação em que o investidor aposta na queda da cotação de um determinada ação. Funciona assim: o operador vende ações que pediu emprestado ou que ainda não possui na carteira, com o objetivo de voltar a comprá-las depois (a um preço menor) e embolsar a diferença. 

A estratégia, no entanto, mudou na última semana, quando a gestora decidiu zerar a posição short em Magazine Luiza. “Estamos em um momento um pouco melhor para a bolsa brasileira e Magalu continua caindo bastante, bem acima dos pares. Consideramos que é uma distorção”, afirmou Gustavo Salomão, sócio-fundador e CIO (head de investimentos) da Norte Asset, em entrevista à EXAME Invest

Salomão havia compartilhado a sua visão sobre as ações de Magalu e de outras empresas do e-commerce em sua participação no CLUBE, o podcast da EXAME Invest, no começo do mês.

Para efeito de comparação, os papéis de Magazine Luiza caíram 9,65% na primeira semana de dezembro, enquanto Via (VIIA3), Americanas (AMER3) e Lojas Americanas (LAME4) subiram em torno de 2%. 

A assimetria levou a Norte rebalancear seu portfólio, mas sem deixar de olhar com cautela para o setor de e-commerce. A expectativa da gestora é que o varejo digital supere o físico no longo prazo, mas o curto prazo ainda guarda grandes desafios para o setor.

Um deles é a competição crescente com a entrada de players estrangeiros fortemente capitalizados no mercado doméstico, como Shopee, de Singapura, a chinesa Alibaba e a americana Amazon.

“O setor é muito competitivo e, nesse caso, vale entender qual o tamanho do bolso de cada um para investir. E os estrangeiros têm um bolso muito fundo: vão continuar incomodando por bastante tempo”, avaliou Salomão.

Outro desafio é o momento de mercado no Brasil, cuja economia está desaquecida ao mesmo tempo em que a inflação na casa de dois dígitos reduz o poder de compra do brasileiro e exige juros mais altos, encarecendo o crédito.

“A recuperação econômica não aconteceu na velocidade que se esperava, com o agravante de que a base de comparação para 2020 era muito alta. Essas empresas lucraram muito no ano passado e não conseguiram atingir as expectativas neste ano”, acrescentou Rafael Furlan, sócio da Norte responsável pela tese de varejo da gestora.

Foram esses fatores que fizeram a Norte ficar vendida em Magazine Luiza quando as ações ainda não haviam incorporado esses riscos no preço. E agora, com uma de suas principais posições vendidas zerada, a gestora continua posicionada para capturar as perdas do e-commerce com a venda a descoberto dos papéis da Via (VIIA3)

Furlan disse que a empresa tem problemas internos que funcionam como um componente extra de risco para justificar a posição. “A Via surpreendeu o mercado no balanço do terceiro trimestre com um aumento expressivo de provisões para pagamento de questões trabalhistas. Isso deixa o balanço mais apertado e diminui a capacidade da empresa de investir.”

A Norte não tem nenhuma posição comprada em e-commerce, mas destaca o Mercado Livre (MELI34) como uma empresa considerada interessante. O ponto forte da companhia está no modelo de vendas 3P (ou third-party seller), que conecta um ecossistema de vendedores que fazem negócios através da plataforma da empresa. 

“Outro ponto interessante é que o financiamento para esses vendedores é feito através do Mercado Pago. Ou seja, a empresa conta com uma fintech interna muito relevante. Isso torna a atuação do Mercado Livre mais diversificada e menos exposta que a de concorrentes”, completou Salomão.

Assista ao trecho do podcast Clube em que Salomão comenta sobre sua posição short em Magazine Luiza:

yt thumbnail
Acompanhe tudo sobre:e-commerceMercado LivreMagazine LuizaVia Varejo

Mais de Invest

Depois de Nvidia, Intel agora sonda Apple para parceria, diz agência

Assaí aciona Justiça para se proteger de dívidas tributárias do GPA

Oracle prevê levantar US$ 15 bilhões com emissão de títulos corporativos

Ibovespa fecha em ligeira alta e garante novo recorde de fechamento