Cosan: Ação voltou a cair nesta segunda-feira, 10 (Nelson Almeida/AFP)
R$ 5,3 bilhões a menos. Esse é o tamanho do corte que investidores fizeram ao negociar as ações da Cosan (CSAN3) desde sexta-feira, 7. A empresa perdeu valor de mercado depois de anunciar que comprou 4,9% da Vale (VALE3) e que essa fatia pode chegar a 6,5%, em um investimento que vai totalizar R$ 22 bilhões.
Depois de cair 8,72% na sexta-feira, a ação da Cosan, holding que tem em seu portfólio empresas como Rumo, Raízen, Compass e Moove, levou mais um tombo de 7,51% nesta segunda-feira, 10, para R$ 15,40. É a menor cotação para o papel nos últimos 12 meses. Assim, a empresa terminou o pregão avaliada no mercado a R$ 28,76 bilhões, segundo a plataforma TradeMap, cerca de R$ 7 bilhões a mais do que vai pagar pela fatia na Vale.
Nem a investida escapou. Desde sexta-feira, o valor de mercado da Vale ficou R$ 7,16 bilhões menor, em R$ 339,7 bilhões. Também perderam quase R$ 7 bilhões em valor de mercado a Rumo ( recuo de R$ 2,92 bilhões) e a Raízen (queda de R$ 3,92 bilhões), se somadas.
O anúncio teve de ser feito meio da tarde do pregão na sexta-feira, pois havia risco de vazamento, de acordo com os executivos da empresa, que fizeram teleconferência com o mercado quando todo mundo já se preparava para o happy hour, às 19h.
Nos relatórios, o "sell side", como são chamados os analistas de ações, entenderam que o mercado ia mesmo levar tempo para digerir o movimento da Cosan. Os analistas do Credit Suisse, por exemplo, acreditam que só o tempo poderá dizer se o investimento foi um bom negócio para a Cosan. "Mas sua influência será limitada e, a nosso ver, não há sinergias claras entre os dois grupos”, escreveram, mantendo a recomendação de compra da ação, com preço-alvo de R$ 23. Para os analista da casa de análises Ativa Research, existiam outros caminhos mais simples para Cosan gerar valor aos seus acionistas.
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A empresa até tentou acalmar os ânimos do mercado colocando apresentação adicional para explicar melhor a complexa operação financeira, com contrato de "collar", que está fazendo. A ideia é diminuir a exposição da empresa à desvalorização das ações da Vale e não impactar a saúde financeira do grupo, mas há o receio, entre analistas e investidores, sobre o impacto na alavancagem da Cosan, que está em 2,7x a relação de dívida líquida e Ebitda (sigla em inglês para lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização).
O impacto pegou em cheio outras empresas do grupo. Nesta segunda-feira, 10, a ação da Rumo (RAIL3), operadora ferroviária, caiu 4,60% e a da Raízen (RAIZ4) recuou 2,63%. O papel da Vale (VALE3) também desvalorizou: - 2,01%.