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Qual empresa se saiu melhor na temporada de balanços das 'big techs'?

Investimento em inteligência artificial foi tema de uma temporada de recordes para algumas dessas companhias

Juntas, as 'big techs' devem desembolsar US$ 380 bilhões em IA (JUSTIN TALLIS/AFP/Getty Images)

Juntas, as 'big techs' devem desembolsar US$ 380 bilhões em IA (JUSTIN TALLIS/AFP/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 31 de outubro de 2025 às 17h08.

A temporada de resultados das big techs terminou com desempenhos mistos, mas algumas tendências clara. Amazon, Microsoft, Meta e Alphabet, controladora do Google, planejam ampliar os investimentos para continuar surfando o boom da inteligência artificial. Juntas, as companhias devem desembolsar cerca de US$ 380 bilhões na construção de infraestrutura para atender uma demanda que consideram praticamente ilimitada por serviços de IA, calcula a CNBC.

Ainda que pareça muito dinheiro, são cifras modestas quando comparadas com as da OpenAI, dona do ChatGPT, por exemplo, que anunciou recentemente acordos no valor aproximado de US$ 1 trilhão com parceiros.

Além disso, cresce entre analistas e investidores a preocupação de que esses níveis históricos de investimentos estarem alimentando uma nova bolha, enquanto aumentam as dúvidas sobre a disponibilidade de energia e recursos suficientes para transformar as ambiciosas promessas da IA ​​em realidade.

Amazon

As ações da Amazon subiram mais de 10% depois que a empresa superou as expectativas de lucro consolidados e as receitas com o serviço de nuvem da companhia, o Amazon Web Service (AWS) registrou um crescimento inédito de 20%, para US$ 33 bilhões. É o pulo do gato para a melhora de percepção dos investidores sobre a empresa, dizem os analistas. Na semana passada, o serviço estava no centro de notícias não tão positivas, quando uma falha na nuvem da Amazon provocou interrupções em larga escala ao redor do mundo.

Na teleconferência com analistas, o CEO Andy Jassy explicou que a AWS dobrou de capacidade desde 2022 e deve dobrar novamente até 2027. Com números acima do previsto, a Amazon elevou a previsão de investimentos para o ano, agora em US$ 125 bilhões. Em 2026, a cifra deve ser ainda maior.

O diretor financeiro Brian Olsavsky, por sua vez destacou que a big tech continuará a fazer investimentos significativos em IA. “Acreditamos que seja uma oportunidade enorme, com potencial para fortes retornos sobre o capital investido a longo prazo.”

Esta semana, a companhia fundada por Jeff Bezos inaugurou um data center de inteligência artificial, o Projeto Rainier, um investimento de US$ 1,1 bilhão e provou que não está atrás na corrida da IA.

Após a divulgação do resultado, os bancos revisaram suas projeções para a companhia. O Morgan Stanley elevou o preço-alvo da ação de US$ 230 para US$ 275. O Goldman Sachs, de US$ 275 para US$ 290. Ambos tem recomendação de compra para o papel.

Alphabet

Os investidores da Alphabet também tiveram o que comemorar. A dona do Google e Youtube superou as expectativas de lucro e elevou sua previsão de investimentos para este ano, agora entre US$ 91 bilhões e US$ 93 bilhões, ante a previsão anterior de US$ 75 bilhões a US$ 85 bilhões.

A receita com Google Cloud cresceu 34% na mesma base de comparação, atingindo US$ 14,74 bilhões. As ações fecharam em alta 2,5% no dia do anúncio do balanço, refletindo o otimismo com o avanço de sua infraestrutura voltada à IA.

Microsoft

Apesar dos bons resultados trimestrais, sustentados pelo crescimento de 40% na receita da Azure, sua divisão de nuvem, as ações da Microsoft caíram quase 4% na noite em que os números saíram, mostrando uma recepção desanimada do investidor.

O movimento ocorreu após a diretora financeira, Amy Hood, afirmar que os gastos com capital (capex) devem crescer ainda mais em 2026. No primeiro trimestre, o capex foi de US$ 34,9 bilhões, já acima da previsão anterior de US$ 30 bilhões. Nesse caso, a ideia de gastar mais não agradou muito os investidores.

Anteriormente, Hood havia indicado uma desaceleração no crescimento dos gastos, mas a alta demanda por infraestrutura para inteligência artificial continua impulsionando os investimentos da Microsoft. O capex aumentou 45%, para US$ 64,6 bilhões no último ano fiscal, o que sugere um mínimo de cerca de US$ 94 bilhões para o ano que vem, valor ainda mais expressivo quando se incluem os arrendamentos.

Para o segundo trimestre fiscal, a empresa projeta receita entre US$ 79,5 bilhões e US$ 80,6 bilhões. A expectativa é que a Azure cresça 37% em receita, em linha com estimativas.

Meta

As ações da Meta foram as mais afetadas, despencando 11% na quinta-feira, depois que o ceticismo dos investidores sobre o retorno dos seus planos agressivos de investimento em inteligência artificial ofuscou os fortes resultados obtidos. A empresa elevou sua previsão de investimentos para entre US$ 70 bilhões e US$ 72 bilhões, ante a faixa anterior de US$ 66 bilhões a US$ 72 bilhões.

O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, defendeu os ambiciosos planos de investimento da empresa durante a teleconferência de resultados. “Ainda é muito cedo, mas acho que já estamos vendo os resultados no negócio principal”, disse ele. “Isso nos dá muita confiança de que devemos investir muito mais, e queremos garantir que não estamos investindo menos do que o necessário.”

Em junho, Mark Zuckerberg, anunciou a criação do Superintelligence Labs da empresa, que abrigaria diversas equipes da empresa que trabalham em modelos fundamentais. “Estou otimista de que esse novo influxo de talentos e a abordagem paralela ao desenvolvimento de modelos nos permitirão cumprir a promessa de superinteligência pessoal para todos”, escreveu Zuckerberg.

Contudo, os analistas da Oppenheimer disseram à CNBC que essa abordagem “reflete” o padrão de gastos da empresa com o metaverso em 2021 e 2022, quando o CEO declarou que aquela seria a próxima fronteira da computação.

A Meta continua queimando bilhões de dólares por trimestre em seus investimentos em realidade aumentada. No último relatório, a empresa informou que sua unidade Reality Labs teve um prejuízo de US$ 4,4 bilhões no trimestre, com uma receita de US$ 470 milhões.

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