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Qual a próxima Tesla? Estrategista aposta em setor que já subiu 13% no ano

Desequilíbrio entre oferta e demanda pode levar a uma escalada de preços de energia, favorecendo as empresas do setor, afirma Thomas Lee, do Fundstrat

 (Lucas Jackson/Reuters)

(Lucas Jackson/Reuters)

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Marcelo Sakate

Publicado em 16 de janeiro de 2021 às 17h24.

Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 15h51.

Já faz parte da história. Quem tinha ações da Tesla na virada de 2019 para 2020 e carregou a posição até o fim do ano colheu uma valorização de 743%, muito acima de qualquer outro papel que integra os principais índices dos Estados Unidos.

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Neste início de ano, investidores e analistas tentam apontar quais ações apresentam potencial semelhante de ganho ao da montadora de carros elétricos fundada e comandada por Elon Musk. Para um experiente estrategista de Wall Street, com mais de 25 anos de experiência, a “bola da vez” está nas empresas do setor de energia.

“O realinhamento das perspectivas de oferta-demanda em energia é mais dramático do que em qualquer outro setor”, escreveu em relatório Thomas Lee, head de research do Fundstrat Global Advisors, uma das principais casas independentes de análises de Wall Street.

Segundo Lee, que foi o estrategista-chefe de ações do J.P.Morgan entre 2007 e 2014 antes de sair para fundar o Fundstrat, as novas diretrizes ambientais do presidente eleito Joe Biden devem limitar o aumento da oferta de fontes tradicionais, enquanto projetos não devem dispor de capital privado para bancá-los.

Para completar a tempestade perfeita, a recuperação da economia com base nos estímulos fiscais trilionários já anunciados deve pressionar a demanda.

Nas duas primeiras semanas de 2021, o principal ETF (fundos que acompanham índices) do setor de energia, o Energy Select Sector SPDR Fund, com 16,6 bilhões em ativos, acumula alta de 12,8%. O terceiro maior do setor, o SPDR S&P Oil & Gas Exploration & Production ETF, dedicado a acompanhar empresas de petróleo e gás natural, subiu 18,41%.

A alta foi favorecida em parte pela decisão da Opep+ (o grupo dos maiores países exportadores de petróleo) no início do ano de cortar a produção global de petróleo com o objetivo de conter a oferta e sustentar as cotações.

No mesmo período de 2021, o S&P 500, o índice mais abrangente do mercado americano, subiu apenas 0,32%. O Nasdaq Composite, que reúne as ações das empresas de tecnologia, avançou 0,86%.

Para o experiente estrategista, investidores podem ser levados a comprar as ações de companhias de energia guiados pelo mesmo sentimento que fez parte da forte onda compradora da Tesla: o Fomo, sigla em inglês para o “medo de estar perdendo alguma coisa”, no caso, um investimento com alto potencial de retorno. Nos últimos anos, o peso do setor de energia no S&P 500 caiu de 10% para menos de 3%, reduzindo a necessidade de gestoras de carregar os papéis.

Lee não está sozinho nesse diagnóstico. Outras casas de pesquisas e analistas já alertaram para o cenário de desequilíbrio entre oferta e demanda, como o também experiente Charles Gave, presidente do conselho da Gavekal Research.

No relatório recém-divulgado “A Verdadeira Bolha”, Gave escreve que anos de baixo investimento devem levar os preços de combustíveis fósseis a um pico neste ano com o aumento da demanda; ao mesmo tempo, ativos de fontes renováveis terão que se mostrar sustentáveis caso os subsídios de governos desenvolvidos comecem a diminuir diante do esgotamento da capacidade fiscal em meio ao prolongamento da pandemia.

O relatório foi distribuído em português pela EXAME Gavekal Research, graças à parceria da EXAME Research com a prestigiosa casa de análises independente, especializada em macro global e alocação de ativos. Leia aqui o relatório.

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