B3: Ibovespa se aproxima de sua máxima histórica e mantém tendência de alta (Cetip/Divulgação)
Reuters
Publicado em 30 de agosto de 2017 às 11h03.
São Paulo - O bom humor voltou ao mercado acionário brasileiro, aproximando o Ibovespa de romper suas máximas históricas e buscar novos patamares, embora a permanência da tendência positiva ainda não seja consenso entre profissionais do mercado.
Na semana passada, o índice alcançou o patamar dos 71 mil pontos, que não era visto desde janeiro de 2011, e voltando a se aproximar da máxima histórica intradia de 73.920 pontos, registrada em maio de 2008.
O impulso mais recente veio após divulgação de planos para a privatização da Eletrobras, além de um pacote de concessões. As notícias deram mais tração ao mercado que já vinha em uma tendência positiva diante da queda de juros e com o cenário externo também favorável.
"O Brasil com marco regulatório estável, num processo de privatização e juros a 7,5 por cento, ele voa", disse o sócio fundador da Modena Capital, Marcos Elias, que vê a permanência do cenário positivo para a bolsa como o cenário mais provável.
Para Elias, a perspectiva mais positiva para a bolsa no médio prazo passa pela conclusão do processo de privatização da Eletrobras, além de manutenção da tendência de queda de juros e cenário externo favorável.
"O Brasil tem tudo para participar desse risco que o mercado global quer correr", disse, acrescentando, no entanto, que um cenário mais negativo, de frustração das expectativas, o índice pode voltar ao patamar dos 68 mil pontos.
A manutenção do tom positivo da bolsa também passa pela expectativa de melhora nos resultados corporativos. Nesta semana, analistas do Credit Suisse disseram que os números referentes ao segundo trimestre mostraram sinais de estabilização dos resultados e que os piores patamares ficaram para trás, embora tenham destacado que o cenário segue desafiador.
A trajetória de queda dos juros básicos do país, atualmente em 9,25 por cento ao ano, além de atrair para a bolsa investidores em busca de retornos mais elevados deve ajudar a melhorar os resultados das empresas. Segundo a mais recente pesquisa Focus, do Banco Central, a Selic pode fechar o ano em 7,25 por cento.
"Vamos ter cenário de juro baixo no Brasil e podemos discutir se a taxa vai ser de 7 ou 7,5 por cento, mas o fato é que vamos ter pelo menos dois anos de juro baixo no Brasil e isso vai favorecer muito o valuation das empresas", disse o estrategista da Fator Administração de Recursos, Paulo Gala, para quem o cenário para os próximos seis a 12 meses é otimista para a bolsa.
No entanto, esse pacote de notícias favoráveis ao mercado acionário brasileiro teria efeito limitado sem o amparo do cenário externo e, embora a expectativa seja de continuidade de um ritmo gradual para a normalização da política monetária nos Estados Unidos e na Europa, alguns analistas veem a diminuição da liquidez global como um risco ao bom humor para o mercado local.
"No curtíssimo prazo (o Ibovespa) pode andar um pouco mais, mas olhando para os próximos meses não acho que seja o momento para aumentar a exposição em bolsa", disse o economista da Guide Investimentos Ignacio Crespo Rey, acrescentando ter uma visão mais cética quanto à manutenção por prazos prolongados do otimismo predominante no curto prazo.
O economista acredita que os sinais de mudanças na política monetária nos EUA e na Europa devem trazer mais riscos de correção ao mercado acionário brasileiro.
A expectativa por redução na liquidez global aliada ao cenário macroeconômico local também são motivos de cautela na visão do economista da Órama Investimentos, Alexandre Espirito Santo.
"Estamos comprando aqui, mas dentro desse cenário de liquidez farta global. Se lá fora começar a entregar as pessoas vão começar a ver que a macroeconomia (do Brasil) não referenda essa alta toda da bolsa", disse Espirito Santo.
Para o economista, o patamar atual do Ibovespa, entre 70 mil e 72 mil pontos é adequado e deve ser mantido até o fim do ano, podendo romper as máximas históricas, mas sem sustentar esses patamares.