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"Propostas de Milei podem colapsar a economia da Argentina", alerta vice-presidente da Moody's

Jaime Reusche avalia riscos de potenciais medidas de presidente eleito; apesar das preocupações, bolsa de Buenos Aires dispara nesta terça

Javier Milei: presidente eleito da Argentina pretende dolarizar a economia local (Anita Pouchard Serra/Bloomberg /Getty Images)

Javier Milei: presidente eleito da Argentina pretende dolarizar a economia local (Anita Pouchard Serra/Bloomberg /Getty Images)

Publicado em 21 de novembro de 2023 às 16h21.

O futuro da Argentina segue incerto, mesmo com a definição de quem será o novo presidente a reger o país. Javier Milei, eleito com 55% dos votos terá a missão de colocar a economia argentina de volta aos trilhos. Controlar a inflação, honrar a dívida externa e reencontrar o caminho do crescimento serão alguns de seus principais desafios. A principal estratégia defendida por Milei para obter algum sucesso nessas frentes é a dolarização da economia local e a extinção do Banco Central.

A proposta tem recebido uma série de críticas de economistas, que veem o plano como economicamente e politicamente inviável, tendo em vista que faltam dólares e apoio do Legislativo, onde será minoria. Nesta terça, primeiro dia útil na Argentina após a eleição do fim de semana, o coro contrário aos planos do novo presidente foi endossado pela agência de classificação de risco Moody's.

"Se as medidas [de Milei] forem adotadas conforme descrito, poderiam causar um ajuste econômico abrupto e profundo, colapsando o mercado interno e ameaçando a estabilidade financeira", escreveu em nota Jaime Reusche, vice-presidente e Senior Credit Officer da Moody’s Investors Service.

Reusche pontua que, embora as propostas busquem resolver os "graves desequilíbrios" da atividade econômica da Argentina, o resultado poderá ser a distorção de preços e a redução do poder de compra.  

O vice-presidente da Moody's ainda alerta para as potenciais dificuldades de governabilidade de Milei. "Um Congresso dividido e as pressões sociais também influenciarão a capacidade do novo presidente de implementar políticas corretivas."

Alta na bolsa

Embora economistas do mercado tenham expressado preocupações sobre o futuro da Argentina, nas bolsas, ao menos, a reação tem sido positiva. O índice Merval, o principal da bolsa de Buenos Aires, sobe mais de 17% nesta terça. A alta, na Argentina, é liderada pelos papéis da petrolífera estatal YPF, que salta 40% em meio às promessas de privatização reforçadas por Milei após ter vencido as eleições.

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