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Proposta de Trump para corte drástico de juros do Fed gera alarme entre economistas e investidores

Economistas alertam que corte drástico nos juros pode sinalizar interferência política e reacender a inflação nos EUA

Trump: há ainda o receio de que um corte dessa natureza seja interpretado pelo mercado como sinal de que o Fed cedeu à pressão política (AFP)

Trump: há ainda o receio de que um corte dessa natureza seja interpretado pelo mercado como sinal de que o Fed cedeu à pressão política (AFP)

Publicado em 15 de julho de 2025 às 08h23.

A proposta do presidente Donald Trump para que o Federal Reserve (Fed) reduza sua taxa básica de juros para 1% acende um alerta entre economistas e investidores americanos.

Segundo a Reuters, o objetivo de Trump seria reduzir os custos de financiamento da dívida pública, diante da expectativa de déficits maiores após a aprovação do pacote de gastos e cortes de impostos conhecido como "One Big Beautiful Bill Act".

Hoje, a taxa de juros do Fed está na faixa de 4,25% a 4,50%. Embora o banco central americano já tenha mantido juros próximos de 1% em momentos anteriores, como após os ataques de 11 de setembro, a crise financeira de 2008 e a pandemia de covid-19, taxas tão baixas são, em geral, uma resposta a situações de crise.

Com crescimento econômico próximo de 2%, inflação em torno de 2,5% e desemprego na casa dos 4,1%, analistas argumentam que não há dados que justifiquem um corte tão agressivo neste momento.

Gregory Daco, economista-chefe da EY-Parthenon, afirmou à Reuters que, embora exista “alguma margem para corte” a partir do nível atual, a proposta de Trump representaria uma mudança de magnitude muito maior. “Do ponto de vista dos dados, não há nada que sugira a necessidade de uma redução imediata e substancial”, disse.

Há ainda o receio de que um corte dessa natureza seja interpretado pelo mercado como sinal de que o Fed cedeu à pressão política, colocando em risco a credibilidade da autoridade monetária.

“O temor do mercado de títulos seria de que a inflação reacenda e que haja uma perda da independência do Fed e uma desancoragem das expectativas inflacionárias”, afirmou Daco.

Tesouro americano

Mesmo que o Fed defina a taxa básica, os custos de financiamento do Tesouro americano dependem de fatores adicionais, como a demanda global por títulos, o grau de confiança institucional e o chamado “prêmio de prazo”. Em cenários de incerteza sobre a independência do banco central, investidores costumam exigir retornos mais altos para manter aplicações de longo prazo.

Trump chegou a enviar ao presidente do Fed, Jerome Powell, uma nota manuscrita sugerindo que a taxa caísse para 1%. No entanto, os formuladores de política monetária do Fed avaliam que seria arriscado cortar juros antes de ter certeza de que as novas tarifas de Trump não vão reacender a inflação.

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