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Projeção de Selic mais alta é adiada e juro futuro cai

Mercado interpretou fala de Dilma como sinal de o país não está no momento de contrair a expansão com a elevação dos juros


	Bovespa: a taxa do juro para julho de 2013 era de 7,29% ao fim das negociações, ante 7,32% no ajuste
 (Divulgação/Facebook/BM&FBovespa)

Bovespa: a taxa do juro para julho de 2013 era de 7,29% ao fim das negociações, ante 7,32% no ajuste (Divulgação/Facebook/BM&FBovespa)

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Da Redação

Publicado em 27 de fevereiro de 2013 às 17h49.

São Paulo - O longo e contundente discurso da presidente Dilma Rousseff nesta quarta-feira em Brasília acentuou uma percepção que havia tomado o mercado desde a abertura do pregão, de que talvez a alta da Selic não ocorra mais em abril, ou mesmo no primeiro semestre.

As taxas mais curtas operaram em queda ao longo de toda a manhã, com dados mais fracos do que o esperado da inflação, especialmente no setor de agrícola.

A tendência se ampliou na sequência à fala da presidente, de que "no curto prazo, temos a imensa tarefa de acelerar o ritmo de crescimento e estimular o investimento". O mercado entendeu a declaração como um sinal de que o momento é de incentivar a atividade econômica e não contrair a expansão com uma elevação dos juros.

Após os ajustes na BM&FBovespa, o contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) com vencimento em julho de 2013 projetava taxa de 7,29%, com 805.205 contratos, de 7,32% no ajuste de terça-feira; e o DI com vencimento em janeiro de 2014 tinha taxa de 7,75%, na mínima, com 843.425 contratos, de 7,81% no ajuste anterior.

O contrato para janeiro de 2015 tinha taxa de 8,40%, com 360.485 contratos, ante 8,45%. Entre os contratos com vencimento mais longo, o DI para janeiro de 2017 tinha taxa de 9,13% (128.930 contratos), de 9,14% na véspera e o DI para janeiro de 2021 apontava 9,64% (8.090 contratos), na máxima do dia, ante 9,62% no ajuste anterior.

Segundo operadores, a fala da presidente mostrou preocupação maior com a retomada do crescimento e do investimento. A presidente, em discurso no Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, disse que "no curto prazo, nós temos essa imensa tarefa que é acelerar o ritmo de crescimento e estimular as inversões nas áreas transformadoras, que possam transformar a competitividade do nosso País." Na mínima, por volta das 15h, o DI para julho deste ano caiu a 7,23%, de 7,32% no ajuste da véspera. A taxa para janeiro de 2014 chegou a 7,67%, de 7,81% no ajuste do dia anterior.


"Ela mostrou quem manda", disse uma fonte. O discurso revelou ainda sintonia com as declarações feitas no início da semana pelo ministro da Fazenda, Guido Mantega, e pelo presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. Além da coerência nas falas, o mercado viu uma maior confiança da equipe econômica na convergência da inflação no segundo semestre. "O mercado começa a questionar se não se antecipou ao achar que BC subiria a Selic já em abril", declarou outra fonte.

O mercado percebeu ainda uma intensa movimentação de venda de contratos curtos por parte de uma grande instituição financeira nesta sessão. Na véspera, houve o fechamento de um lote expressivo de opções de DI apostando em manutenção da taxa ao longo de todo o ano, pagando 5 vezes o valor aplicado.

Após a forte queda que se seguiu ao discurso da presidente, as taxas dos contratos desaceleraram o ritmo, recompondo parte das perdas. No ajuste do dia, os contratos mais curtos fecharam em queda, enquanto a parte mais longa encerrou nas máximas do dia, indicando perda de confiança do investidor na política monetária.

O IGP-M subiu 0,29% no mês passado, desacelerando ante a alta de 0,34% do fechamento de janeiro. Também ficou abaixo da mediana das projeções dos analistas do mercado financeiro ouvidos pelo AE Projeções, de 0,35%, a partir de um intervalo entre 0,27% e 0,45%. Segundo Paulo Gala, estrategista da Fator Corretora, o destaque foi a queda de 1,31% do IPA agrícola, ante -0,62% em janeiro.

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