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Prio, Weg, IRB: conheça as maiores altas e baixas do Ibovespa no governo Bolsonaro

Últimos quatro anos foram positivos para a bolsa, que experimentou boom durante baixa de juros

Painel de cotações da B3: Ibovespa saiu de uma pontuação de 91 mil pontos no início de 2019 para a casa dos 110 mil pontos ao final de 2022 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3: Ibovespa saiu de uma pontuação de 91 mil pontos no início de 2019 para a casa dos 110 mil pontos ao final de 2022 (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 29 de dezembro de 2022 às 06h16.

Os últimos quatro anos foram, no geral, positivos para o mercado de ações. O Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, saiu de uma pontuação de 91 mil pontos no início de 2019 para a casa dos 110 mil pontos ao final de 2022. A alta só não foi maior por conta da pandemia, que levou o índice às mínimas na casa dos 80 mil pontos em 2020. Porém, a recuperação desde então foi suficiente para compensar – e superar – os ganhos. 

A gestão de Jair Bolsonaro não foi essencial para o desempenho do mercado no período, mas também não ficou no caminho. Analistas destacam dois grandes pontos positivos do período. O primeiro foi a conclusão da reforma da previdência, iniciada no governo Temer, que ajudou a manter as contas públicas sob controle. O segundo foi a privatização da Eletrobras, única que saiu do papel entre as várias prometidas no início do mandato.

A grande responsável pela época de bonança foi a taxa de juros. O governo iniciou o mandato com uma taxa considerada já baixa para o histórico brasileiro, de 6,50% ao ano, conquistada com as reformas em curso. Com a chegada da pandemia, países de todo o mundo passaram a injetar estímulos em sua economia e o Brasil não foi diferente. A Selic caiu para o patamar de 2% ao ano, feito que era considerado impossível para muitos economistas.

“O cenário de reformas e a tendência global de juros super baixos permitiu que a Selic caísse para 6% e, depois da Covid, os juros desabaram ainda mais. Foi um período muito propício para as ações, que perdeu parte da força este ano”, afirmou João Noronha, analista de renda variável da Schroders.

A conta chegou entre 2021 e 2022, com a inflação disparando e os juros voltando rapidamente para a casa dos dois dígitos.

Mesmo com atratividade reduzida, 49 das 91 ações do Ibovespa fecharam o acumulado dos últimos quatro anos em alta, contra 31 que acumularam queda. Para fechar os 91 ativos, foram 11 as ações de empresas que estrearam nesse período e, por esse motivo, ficaram de fora do levantamento elaborado pelo TradeMap à pedido da EXAME Invest

As ações mais resilientes foram Prio (PRIO3), Weg (WEGE3) e BTG Pactual (BPAC11). Na ponta oposta, IRB (IRBR3), CVC (CVCB3) e Americanas (AMER3) ficaram na lanterna do Ibovespa nos últimos quatro anos. Veja abaixo o que influenciou os movimentos:

As maiores altas: Prio (PRIO3), Weg (WEGE3) e BTG Pactual (BPAC11)

A líder absoluta do período foi a petroleira Prio, antiga PetroRio, que saltou 1777% nos últimos quatro anos. A alta acompanhou, em parte, os ganhos do petróleo. A commodity subiu cerca de 60% nos últimos quatro anos, acompanhando a forte demanda na retomada do pós-pandemia.

Além disso, a forte estratégia de aquisição e expansão da Prio permitiu a disparada dos papéis. “A alta da commodity favoreceu, principalmente, as empresas juniores de petróleo. E no caso da Prio, houve a aquisição de bons ativos de águas rasas com potencial de chamar muito valor para o papel”, avaliou Felipe Moura, sócio e analista da Finacap Investimentos

A ação segue em tendência de alta, e foi considerada pelos analistas do Credit Suisse como a melhor alternativa para investir em petróleo na bolsa brasileira. A Petrobras, gigante do setor na bolsa, segue envolta em incertezas com a troca de governo, abrindo espaço para valorização da concorrente.

Leia também: Dólar alto em 2023? O que esperar do câmbio com juros globais elevados e risco fiscal

Já a Weg tem apresentado resultados consistentes e se tornou uma das queridinhas dos analistas, especialmente a partir de 2020. Segundo análise do Itaú BBA, a WEG superou o Ibovespa e outras grandes ações em todas as crises financeiras e políticas dos últimos 10 anos, o que pode explicar a resiliência do papel durante o governo Bolsonaro.

“A WEG é a única empresa com caixa líquido, exposição ao dólar e gestão de qualidade indiscutível em todo o mercado acionário brasileiro”, informou o BBA em relatório publicado em meados de dezembro.

Já o BTG (do mesmo grupo controlador da EXAME) aproveitou o bom momento do mercado de capitais e chamou a atenção dos investidores com uma série de consolidações no mercado de agentes autônomos de investimento. 

“Existia um universo de recursos de investidores muito grande nas mãos dos grandes bancos. Com a queda dos juros, houve um movimento claro de saída e migração para plataformas de investimentos. O BTG soube aproveitar o movimento”, disse Moura.

As maiores quedas: IRB (IRBR3), CVC (CVCB3) e Americanas (AMER3)

Na liderança das maiores quedas, o IRB caiu quase 100% nos últimos quatro anos. Os problemas para o ressegurador começaram em fevereiro de 2020, quando a gestora Squadra divulgou um relatório apontando inconsistências no balanço do IRB.

O documento deu início a um imbróglio que levou a trocas na diretoria da empresa e corroeu o valor de mercado dos papéis. A ação, que era negociada na casa dos R$ 30 há pouco mais de dois anos, hoje vale menos de R$ 1.

Acompanhando o IRB, a CVC também registrou queda superior a 90% no período. O motivo está na pandemia: empresas ligadas ao turismo, bem como as companhias aéreas, foram as principais afetadas pela quarentena e ainda não conseguiram retomar seus antigos patamares de preço.

Na sequência, Americanas teve queda de quase 80%. A ação representa o setor das varejistas, que foi beneficiado pela quarentena no e-commerce, mas, logo depois, viu as ações despencaram com o efeito rebote da inflação e da alta nos juros. Em pouco mais de um ano, a taxa básica de juros, a Selic, subiu de 2% para o patamar atual de 13,75% ao ano.  

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