Mercados

Presidente do JPMorgan Brasil espera rali no câmbio após as eleições

No mercado de câmbio, o Brasil tem um superávit de dólares de cerca de US$ 80 bilhões

Dólar: o plano de Bolsonaro parece ser o de acelerar concessões públicas e parcerias público-privadas, o que significa que muitos negócios podem começar a chegar ao mercado (Andrew Harrer/Bloomberg/Bloomberg)

Dólar: o plano de Bolsonaro parece ser o de acelerar concessões públicas e parcerias público-privadas, o que significa que muitos negócios podem começar a chegar ao mercado (Andrew Harrer/Bloomberg/Bloomberg)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 21 de outubro de 2018 às 08h20.

Última atualização em 21 de outubro de 2018 às 08h20.

(Bloomberg) -- O presidente do JPMorgan Chase & Co. no Brasil diz que os mercados de ações e câmbio do país vão passar por um rali após as eleições presidenciais deste mês, encerrando meses de incerteza política na maior economia da América Latina.

"Algumas semanas atrás você começou a ver pessoas reduzindo posições vendidas, mas ainda há muitos investidores com posições menores do que precisam ou do que gostariam de ter nos mercados de ações e de câmbio", disse José Berenguer em entrevista em São Paulo.

A moeda brasileira e o índice de ações Ibovespa subiram 13% desde 13 de setembro, quando o candidato de extrema direita Jair Bolsonaro começou a subir nas pesquisas. No primeiro turno de votação, em 7 de outubro, Bolsonaro conseguiu 46% dos votos contra 29% do candidato de esquerda Fernando Haddad, do Partido dos Trabalhadores. Pesquisas de opinião sobre o segundo turno, em 28 de outubro, mostram Bolsonaro com uma vantagem confortável.

Berenguer, de 52 anos, disse estar otimista, pois "o risco de o Brasil voltar a políticas erradas parece estar acabando”. O PT, partido de Haddad, foi responsabilizado por investidores por políticas consideradas hostis aos negócios, contribuindo para a pior recessão na história do Brasil.

No mercado de câmbio, o Brasil tem um superávit de dólares de cerca de US$ 80 bilhões, Berenguer estimou, apontando para a venda do Banco Central de aproximadamente US$ 55 bilhões por meio de swaps e do superávit de US$ 30 bilhões da balança de pagamentos.

"Isso é muito dinheiro para um mercado de câmbio do tamanho do brasileiro”, disse Berenguer, que chegou ao JPMorgan em 2013 depois de um ano como chefe de crédito estruturado na Gávea Investimentos. “As posições técnicas são muito fracas, especialmente nos mercados de câmbio. Com um excedente de dólares todos os dias, você provavelmente verá o real ficando cada vez mais forte.”

Berenguer, que anteriormente ocupou cargos executivos no Banco Santander e no Banco ABN Amro Real, disse que muitos gestores de carteiras ficaram vendidos em reais porque as taxas de juros locais estão em um nível recorde de baixa de 6,5 porcento, não muito longe dos 3 porcento de retorno para investimentos em dólar.

"A proteção contra o risco eleitoral era muito barata, e muitos investidores usaram o Brasil também para se proteger contra outros mercados emergentes", disse Berenguer, citando o peso argentino como exemplo.

O plano de Bolsonaro parece ser o de acelerar concessões públicas e parcerias público-privadas, o que significa que muitos negócios podem começar a chegar ao mercado após a eleição, incluindo alguns projetos menores, disse Berenguer.

"Será necessário muito investimento para aeroportos, rodovias, ferrovias, portos - há dinheiro disponível", disse ele. "Teremos um pipeline de infraestrutura muito ativo."

Acompanhe tudo sobre:CâmbioDólarDólar australianoIbovespaJPMorganMercado financeiro

Mais de Mercados

Por que a China não deveria estimular a economia, segundo Gavekal

Petrobras ganha R$ 24,2 bilhões em valor de mercado e lidera alta na B3

Raízen conversa com Petrobras sobre JV de etanol, diz Reuters; ação sobe 6%

Petrobras anuncia volta ao setor de etanol