Gilson Finkelsztain, presidente da B3 (YouTube/Reprodução)
Anderson Figo
Publicado em 18 de dezembro de 2018 às 10h57.
O presidente da bolsa B3, Gilson Finkelsztain, espera um aumento significativo nas operações de ofertas de ações no próximo ano em comparação a este ano, quando apenas três empresas abriram seu capital. Segundo ele, vários empresários se prepararam para essas próximas talvez duas janelas de oportunidade para ofertas de ações. “Não damos um número oficial, mas recentemente fizemos uma contagem dessas empresas e estimamos entre 20 e 30 empresas que já estariam preparadas para acessar as duas primeiras janelas para o ano que vem, sujeitas às condições de mercado”, afirmou, durante encontro com jornalistas para um balanço do ano. Segundo ele, são empresas que de alguma forma estão bastante preparadas para lançar ações, com seus assessores financeiros e acompanhando o melhor momento de vir a mercado.
Segundo ele, há também um ciclo bastante positivo do lado de investimentos de fundos de participações, os chamados private equities, que estão chegando na sua maturidade, ou seja, no momento de o fundo vender sua participação. “Isso ajuda nessa agenda de aberturas de capital”, afirmou. “Tem toda uma probabilidade de ser um semestre bastante positivo para abertura de capital no Brasil”, disse. Ele cita ainda a redução das operações do BNDES de financiamento às empresas e a retomada de projetos de investimentos das companhias como incentivadores das operações de captação de recursos, via mercado acionário ou também via emissões de renda fixa.
Segundo Finkelsztain, o advento de novas corretoras foi bastante efetivo para mostrar que o investidor está passando por um momento de transição de um país que durante muitos anos teve juro muito alto e renda fixa foi o único produto que estava na agente e para uma geração que se acostumou a ter no gerente do banco sua única fonte de recomendação de investimento. E as corretoras tem se mostrado com modificadoras desse modelo. “Tem toda uma educação financeira que vai desde o cliente que hoje ainda investe na poupança que poderia iniciar uma migração para o Tesouro Direto, até o cliente mais sofisticado, pessoa física que já é um investidor em ações ou fundos multimercados que costuma entrar no segmento de derivativo.
Cada uma dessas corretoras independentes, diz o presidente da B3, está atuando em um nicho, algumas em mais de um, mas todas têm muita coisa para crescer. “A bolsa entende que o segmento de ações durante muitos anos não teve os retornos esperados são só pelo baixo crescimento do Brasil como também pela baixa performance das companhias”, afirma Finkelsztain. “Como infraestrutura de mercado, a bolsa está comprometida em estimular, seja através de educação, ou através de campanhas, ou incentivos financeiros ou que usem um pouco desse fomento de mercado de capitais para que esse aumento de diversificação se torne realidade.”
“Não temos uma receita para fazer crescer esse número de investidores, mas estamos atuando com esses intermediários para entender quais suas necessidades para aumentar o número de investidores e produtos para ações, derivativos, Tesouro Direto”, disse. Já o vice-presidente de Produtos e Clientes, José Ribeiro de Andrade, destacou a indicação de uma pessoa dentro da área especialmente para olhar as pessoas físicas. “Não queremos chegar direto na pessoa física, isso é feito pelas corretoras, mas queremos a percepção da pessoa física enquanto utilizadora dos nossos produtos, quando negocia, quando dá garantias, na consulta de depósitos, informações”, disse.
O executivo destacou ainda que a B3 concluiu o processo de integração das áreas da antiga BM&FBovespa e da Cetip e que vai poder se concentrar mais agora na criação de produtos e serviços para o mercado. “Estávamos em obras até agora, e a partir do ano que vem poderemos fazer mais investimentos, por isso deixamos um espaço maior para despesas no ano que vem”, explicou.
Esta reportagem foi publicada originalmente na Arena do Pavini.