Rendimento dos US$ 2,75 bilhões em bônus da Petrobras com cupom 7,875 por cento caiu 2 pontos-base (André Valentim/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 4 de março de 2011 às 07h37.
Rio de Janeiro - Os títulos da Petróleo Brasileiro SA estão com desempenho pior do que os papéis de petrolíferas incluindo OAO Gazprom e Exxon Mobil Corp. O preço fixo da gasolina no atacado no Brasil impede que a estatal se beneficie tanto quanto as concorrentes da disparada no preço do petróleo.
O retorno de 0,45 por cento, nos 30 dias até 2 de março, dos bônus em dólar da Petrobras com vencimento em 2019 se compara a um avanço de 1,3 por cento nas notas da Gazprom e da Exxon, segundo dados compilados pela Bloomberg. Títulos vendidos por empresas de energia no mundo todo renderam 0,7 por cento no mesmo período, de acordo com o Bank of America Merrill Lynch.
Enquanto a Gazprom, sediada em Moscou, exporta para a Europa sob contratos com preços atrelados à cotação do barril, a Petrobras refina o petróleo no Brasil e vende a preços que não mudam desde meados de 2009, disse Jack Deino, que supervisiona cerca de US$ 1,6 bilhão em dívida de mercados emergentes da Invesco Inc. O petróleo saltou 12,5 por cento nos últimos 30 dias e atingiu o maior patamar em 29 meses, a US$ 102,94 o barril, em 2 de março, com a crise na Líbia, que tem a maior reserva de petróleo da África.
“As recentes altas no preço do petróleo obviamente não beneficiam a companhia”, disse Deino numa entrevista por telefone de Nova York. “De todas as empresas petrolíferas globais que eu acompanho, a Petrobras decepciona pela perspectiva do fluxo de caixa. A alavancagem dela com o preço do petróleo é das menores.”
Corte de preços
O rendimento dos US$ 2,75 bilhões em bônus da Petrobras com cupom 7,875 por cento caiu 2 pontos-base, ou 0,02 ponto percentual, no último mês para 5,04 por cento, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Os papéis acumulam uma rentabilidade de 8,75 por cento nos últimos 12 meses. O rendimento dos títulos da Gazprom caiu 17 pontos-base nos últimos 30 dias.
A gasolina é vendida no Brasil a um preço 13 por cento menor do que o padrão internacional, de acordo com o Credit Suisse Group AG. A última vez que a Petrobras alterou o preço dos combustíveis foi em junho de 2009, com uma redução de 4,5 por cento para a gasolina e de 15 por cento para o óleo diesel.
A Petrobras vende 80 por cento do petróleo que produz a preços domésticos e o resto a preços internacionais, disse Almir Barbassa, diretor financeiro da estatal, a repórteres no Rio de Janeiro em 25 de fevereiro. A empresa não irá ajustar o preço interno dos combustíveis mesmo com a disparada do barril por causa da turbulência política no Norte da África e no Oriente Médio, disse José Sergio Gabrielli, presidente da empresa em 1 de março.
“Temos uma política de preços que não inclui reajustes imediatos”, disse Barbassa. “Não estamos repassando o impacto desses eventos que ocorrem no exterior.”
Um assessor de imprensa da Petrobras no Rio de Janeiro, que pediu para não ser identificado em obediência à política da companhia, se recusou a fazer comentários para esta reportagem.