Proventos distribuídos por Vale e Petrobras registraram patamares bilionários em 2024, impulsionados pela alta das commodities e pelo câmbio favorável. (André Motta de Souza / Agência Petrobras/Divulgação)
Redator na Exame
Publicado em 14 de janeiro de 2025 às 11h14.
Última atualização em 14 de janeiro de 2025 às 14h33.
As gigantes brasileiras Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4) distribuíram valores expressivos em proventos aos seus acionistas em 2024, segundo levantamento da Quantum Finance.
A mineradora destinou R$ 22,96 bilhões em dividendos, enquanto a Petrobras liderou com impressionantes R$ 102,7 bilhões. Os resultados refletem tanto movimentos macroeconômicos, como a valorização de commodities, quanto estratégias internas adotadas por ambas as empresas.
Os valores distribuídos pelas duas companhias evidenciam um crescimento notável ao longo dos últimos anos.
No caso da Petrobras, os proventos subiram de R$ 7,2 bilhões em 2018 para R$ 102,7 bilhões em 2024, registrando um aumento acumulado superior a 1.300%. Essa escalada é atribuída à apreciação do dólar, à alta do petróleo Brent e a políticas que priorizaram distribuições aos acionistas.
A Vale, por sua vez, apresentou uma trajetória de oscilações nos dividendos devido à natureza cíclica do setor de mineração.
Após uma queda em 2020, quando distribuiu R$ 3,8 bilhões, os proventos atingiram o pico de R$ 40,2 bilhões em 2021, refletindo os altos preços do minério de ferro naquele período. Em 2024, os dividendos da mineradora representaram 23% a menos do que no ano anterior, mas ainda assim permaneceram robustos.
Ano | Vale (R$ bilhões) | Petrobras (R$ bilhões) |
2018 | 7,8 | 7,2 |
2019 | 19,3 | 13,4 |
2020 | 3,8 | 24,3 |
2021 | 40,2 | 72,7 |
2022 | 35,0 | 218,2 |
2023 | 29,7 | 91,5 |
2024 | 22,96 | 102,7 |
O desempenho da Vale em 2024 foi impulsionado pela valorização do minério de ferro, mesmo com oscilações nos preços globais.
Segundo especialistas, a mineradora mantém uma posição estratégica no mercado global, especialmente com sua presença consolidada na China, principal consumidor de minério de ferro. A ciclicidade do setor, no entanto, impacta diretamente a regularidade dos dividendos, tornando os proventos mais sensíveis às condições do mercado.
Na Petrobras, o cenário foi amplamente favorecido pelo câmbio e pela alta do petróleo Brent.
A estatal também se beneficiou de uma política de destinação de lucros para dividendos, estabelecida em 2022, que reservou um percentual maior de recursos para distribuição em detrimento de investimentos em novos projetos.
Além disso, ao longo do atual governo, discussões sobre os dividendos da estatal foram frequentes, devido às divergências quanto à alocação dos lucros. Apesar disso, a Petrobras manteve o compromisso com os acionistas, seguindo o estatuto que estabelece a distribuição de 45% do lucro líquido como dividendos obrigatórios.
Os proventos das duas empresas representam uma parcela significativa dos dividendos pagos no mercado brasileiro. Para os investidores, especialmente os de longo prazo, o desempenho das companhias reforça sua atratividade como geradoras de caixa e pagadoras de dividendos consistentes.
Vale e Petrobras continuam a desempenhar um papel central no Ibovespa, com impacto direto no retorno de fundos e carteiras que priorizam ativos de alto dividendo.
A estratégia adotada pela Petrobras de priorizar distribuições gerou retornos significativos para seus acionistas, enquanto a Vale mantém sua relevância como uma das maiores distribuidoras do setor de mineração, mesmo em um ambiente de maior volatilidade.