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Prata salta a US$ 57,86 e bate novo recorde: o que está por trás da alta?

A cotação do metal é impulsionada por apostas em oferta limitada, movimento especulativo e expectativa de corte de juros nos EUA

Prata: mercado da metais se reequilibra após disparada de preços e escassez em Xangai e Nova York (asbe/iStock/Getty Images)

Prata: mercado da metais se reequilibra após disparada de preços e escassez em Xangai e Nova York (asbe/iStock/Getty Images)

Publicado em 1 de dezembro de 2025 às 10h53.

A prata voltou a disparar nesta segunda-feira, 1º, e renovou o recorde histórico, em mais um dia marcado por forte demanda e novas apostas especulativas em meio ao aperto global de oferta.

Segundo informações da Bloomberg, o metal chegou a US$ 57,86 por onça, após saltar quase 6% na sexta-feira e acumular seis pregões consecutivos de alta. No início da tarde em Londres, era negociado a US$ 57,28, em avanço de 1,4%.

A escalada deste ano é significativa: a prata já dobrou de valor em 2025, superando a alta próxima de 60% registrada pelo ouro no mesmo período.

Parte desse movimento se explica pela tentativa do mercado de recompor estoques em centros globais. Em outubro, um volume recorde do metal foi enviado a Londres para aliviar a pressão no maior polo de negociação de prata do mundo, o que aumentou a tensão em outras regiões. Os estoques vinculados à Bolsa de Futuros de Xangai caíram ao menor nível em quase uma década, enquanto o custo de empréstimo do metal para um mês segue elevado.

O estrategista Daniel Hynes, do ANZ, disse à Bloomberg que os efeitos da recente compressão de oferta em Londres ainda são sentidos globalmente e que, com o ouro em movimento mais moderado, investidores têm voltado a atenção para a prata.

Já David Wilson, diretor de estratégia de commodities do BNP Paribas, destacou que o salto da semana passada foi movido por operações especulativas e pelo aumento do ímpeto de compra, citando a queda da relação ouro-prata para perto de 70 como ponto de atenção para o mercado.

Expectativa de corte de juros amplia o apetite por metais

O ambiente macroeconômico também contribui para o avanço da prata e de outros metais preciosos.

Segundo o analista Giovanni Staunovo, do banco UBS, investidores voltaram a precificar um corte de juros do Fed em dezembro, apoiados na expectativa de que o novo presidente do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) tenha postura mais favorável a juros baixos, o que impulsiona a demanda por ouro.

“A prata se beneficia dos mesmos fatores que o ouro, somados à expectativa de maior demanda industrial no próximo ano”, afirmou o analista à Reuters.

O mercado agora precifica 88% de chance de corte em dezembro, de acordo com o CME FedWatch.

No campo político, o conselheiro econômico da Casa Branca Kevin Hassett disse no domingo que ficaria “feliz” em assumir a presidência do Fed, caso seja escolhido. Assim como o presidente americano Donald Trump, Hassett defende juros mais baixos. O secretário do Tesouro, Scott Bessent, afirmou que Trump deve anunciar o novo nome antes do Natal.

Setor monitora possíveis tarifas

Os operadores também monitoram a chance de novas tarifas sobre a prata, que entrou na lista de minerais críticos dos EUA no mês passado. O medo de que o metal passe a ter um custo extra repentino no mercado americano tem desestimulado o envio de cargas ao país.

Paralelamente, ações de mineradoras de prata avançaram nesta segunda-feira. Na Austrália, Sun Silver subiu até 21% e Silver Mines, quase 13%. Em Hong Kong, China Silver Group chegou a saltar 14% antes de devolver parte dos ganhos.

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