Temos as ferramentas de que precisamos e a determinação necessária para restaurar a estabilidade de preços em nome das famílias e empresas americanas", disse Powell. (Drew Angerer/Getty Images)
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de julho de 2022 às 17h04.
Última atualização em 27 de julho de 2022 às 17h36.
O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell, afirmou nesta quarta-feira que o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) está "muito comprometido" a reduzir inflação, que está "muito alta" nos Estados Unidos. "Estamos nos movendo rapidamente para isso", disse Powell, em coletiva de imprensa, na sequência da decisão do Fed.
A autoridade monetária decidiu elevar os juros em mais 75 pontos-base na reunião que terminou hoje, empurrando os Fed Funds, que são os juros básicos dos EUA, para a faixa entre 2,25% e 2,50% ao ano. A decisão foi unânime.
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"Temos as ferramentas de que precisamos e a determinação necessária para restaurar a estabilidade de preços em nome das famílias e empresas americanas", disse Powell.
Ele afirmou que a economia e os EUA se mostraram "resilientes" nos últimos dois anos e meio apesar dos desafios enfrentados. No entanto, reforçou a necessidade de baixar a inflação "muito alta" em meio a um mercado de trabalho "extremamente apertado", com o crescimento salarial acelerando e uma desaceleração significativa no consumo dos consumidores americanos.
"É essencial que reduzamos a inflação para nossa meta de 2%, se quisermos ter um período sustentado de fortes condições do mercado de trabalho que beneficiem a todos do ponto de vista do nosso mandato de promover o máximo de emprego e estabilidade de preços", afirmou o presidente do Fed.
Powell também disse que outro aumento de juros "incomumente alto" pode ser apropriado nos Estados Unidos. Por outro lado, afirmou que o ideal é decidir o tamanho da alta nas taxas a cada reunião, seguindo os mesmos passos do Banco Central Europeu (BCE), que abandonou o forward guidance, orientação futura da política monetária aos mercados.
"Vamos tomar decisões reunião por reunião. Achamos que é hora de [decidir o aumento dos juros] em reunião por reunião e não fornecer o tipo de orientação clara que fornecemos no caminho para os juros neutros", afirmou Powell nesta quarta.
Na sua visão, as decisões futuras de política monetária vão depender de dados e da situação da maior economia do mundo, mas que outro "aumento incomumente alto dos juros pode ser apropriado". Powell disse ainda que houve amplo apoio para a decisão anunciada hoje, de elevar os juros em mais 75 pontos-base. "Atingimos uma faixa de juros que acreditamos ser neutra", afirmou.
Jerome Powell reforçou a sinalização já dada pelo FOMC de que novas altas de juros serão apropriadas, considerando um cenário de inflação "muito elevada". Ele não quis se comprometer, contudo, com o ritmo de aumentos futuros, atrelando-os a dados e à perspectiva da economia dos Estados Unidos.
"Prevemos que aumentos contínuos serão apropriados. O ritmo desses aumentos continuará a depender dos dados recebidos e das perspectivas em evolução para a economia", afirmou Powell, na coletiva.
Ele ponderou, no entanto, que, provavelmente, será necessário moderar o ritmo de futuras altas de juros. Ao comentar o atual cenário, ele disse que, ainda que preços de algumas commodities tenham reduzido, a guerra na Ucrânia criou pressão na inflação. "As pressões inflacionárias estão amplas", disse o presidente do Fed.