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Positivo tem receita recorde, vê alívio do dólar e aposta em nova frente

Hélio Rotenberg, presidente da companhia, destaca expansão de novos negócios; vendas para clientes corporativos e do setor público devem compensar queda em PCs neste ano

Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia: queda do dólar e de insumos compensa aumento dos custos de produção e de serviços (Positivo Tecnologia/Divulgação)

Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia: queda do dólar e de insumos compensa aumento dos custos de produção e de serviços (Positivo Tecnologia/Divulgação)

MS

Marcelo Sakate

Publicado em 22 de março de 2022 às 20h18.

Última atualização em 22 de março de 2022 às 20h28.

Em um trimestre marcado pela desaceleração da economia brasileira e pela escalada da inflação, a Positivo Tecnologia (POSI3) conseguiu não só manter o crescimento como coroou o melhor ano de sua história. A companhia acaba de divulgar o seu balanço dos três meses finais de 2021 com expansão anual expressiva em receitas, margens e lucro na comparação com o ano anterior. As ações dispararam 5,10% nesta terça-feira, dia 22.

As receitas brutas somaram R$ 4 bilhões em 2021, com crescimento de 54% em relação a 2020; o lucro líquido recorrente (ou seja, excluídos eventos extraordinários) avançou 255% na mesma base, para R$ 203 milhões; e o Ebitda recorrente mais do que dobrou, saltando de R$ 162,5 milhões para R$ 344,9 milhões no último ano.

No quarto trimestre, o avanço da receita bruta foi de 20%, enquanto o Ebitda recorrente teve queda de 3%.

"O resultado veio do crescimento tanto do nosso core business como das novas avenidas de crescimento, como máquinas de pagamento, servidores, tecnologia educacional e Hardware as a Service", afirmou Hélio Rotenberg, presidente da Positivo Tecnologia, à EXAME Invest.

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O experiente executivo faz referência a dois movimentos que explicam a maior parte do forte crescimento em 2021 (cujos frutos, na verdade, começaram a ser colhidos ainda no primeiro ano da pandemia, em 2020): a demanda crescente por computadores pessoais (PCs), celulares, tablets e periféricos em razão em boa parte do trabalho remoto; e a execução do plano estratégico desenhado antes da pandemia, de diversificação das fontes de receita.

Um dos exemplos positivos foi o negócio de soluções de pagamento, com clientes como Cielo (CIEL3) e Stone (STNE). As receitas brutas dessa divisão cresceram 423% em 2021, para R$ 71,5 milhões.

Dentro de cada uma dessas frentes de negócio, a Positivo se capacitou para vender para três perfis de clientes: consumidor final, empresas e setor público. Na frente de vendas no varejo, as receitas brutas -- que respondem por quase a metade do total do grupo -- atingiram R$ 1,833 bilhão em 2021, com crescimento de 35% em relação a 2020.

Ambiente macro e queda do dólar

Os números, no entanto, também revelaram um sinal de alerta para a companhia: as vendas de varejo recuaram 24,6% nos três meses finais do ano em relação ao mesmo período de 2020, para R$ 399 milhões. A razão, segundo a companhia, foi a desaceleração do varejo em um ambiente de inflação e taxas de juros mais elevadas.

Segundo a companhia, a queda esperada em volume no mercado de PCs -- da ordem de 10% a 15%, segundo projeções do IDC -- poderá ser compensada pelo desempenho com clientes corporativos e instituições públicas.

Rotenberg disse ainda que a desvalorização do dólar, cuja cotação caiu para menos de R$ 5,00, é uma notícia que compensa a disparada dos preços no país. "O custo de hardware é muito mais impactado pela variável dólar e pela variável custo dos insumos do que pela inflação local, que traz um custo maior nos serviços e na produção."

Segundo ele, o encarecimento de componentes ficou para trás e começa a ser revertido. Tudo isso posto, incluindo o aumento do custo de capital, as margens devem se estabilizar nos próximos meses, afirmou. No quarto trimestre, a margem bruta ficou em 19,6%, uma queda de 3,7 pontos em relação ao mesmo período de 2020.

"Estamos confiantes no futuro da empresa. Em 2022, já temos uma carteira relevante de vendas para governos, de licitações que ganhamos e cujas entregas serão nos próximos meses", afirmou o executivo.

Uma das novas apostas é a Positivo Tech Services, de prestação de serviços e suporte -- assistência técnica -- a computadores, notebooks e tablets de todas as marcas no mercado, e não apenas da Positivo.

"Em mais de três décadas de atuação, desenvolvemos uma metodologia de serviços envolvendo áreas como logística e distribuição. Temos hoje mais de 5 milhões de equipamentos que estão em garantia. Vimos que tínhamos um ativo muito valioso dentro de casa. E planejamos no último ano como prestar esse serviços a clientes corporativos", contou.

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