Dólar: o Banco Central tenta manter a cotação da moeda abaixo de R$2,15 (Chip Somodevilla/Getty Images)
Da Redação
Publicado em 13 de junho de 2013 às 18h33.
São Paulo - O cenário de incertezas nos planos internacional e doméstico vem impulsionando a alta do dólar em relação ao real e outros moedas internacionais nos últimos dias.
O economista-chefe do Espirito Santo Investment Bank, Jankiel Santos explica que a sinalização norte-americana de que o Banco Central americano (Federal Reserve) vai retirar seu estímulo monetário provocou a valorização da moeda no mundo todo. No Brasil, a preocupação também é grande porque isso significa o fim da abundância de liquidez externa.
Mas, além da questão externa, problemas no mercado doméstico também estão afastando os investidores. “Estamos pagando por tudo que fizemos de errado nos últimos meses”, afirma Santos.
Ele se refere à falta de reformas consistentes feitas pelo governo e às intervenções estatais em setores da economia. “Quando o risco aumenta, como o investidor já está inseguro, o Brasil é o primeiro lugar de onde ele vai tirar seu dinheiro”, explica o economista.
EUA
Nesta quinta-feira, a divulgação de dados mais fortes do que o esperado sobre as vendas no varejo e o mercado de trabalho sinalizaram que a economia pode estar melhorando.
Como a economia americana dá sinais de recuperação, a preocupação dos investidores é de que o Fed interrompa seu programa de compra de títulos de 85 bilhões de dólares por mês. Os investidores aguardam a reunião do comitê de política monetária (FOMC) na próxima semana para ter uma clareza sobre quando isso irá ocorrer.
Desempenho do real x dólar nos últimos 3 meses
O momento seria histórico. Principalmente porque Ben Bernanke, presidente do Fed, é reconhecido no meio acadêmico e entre os investidores como um dos maiores especialistas sobre a Grande Depressão de 1929 e também um entusiasta da expansão monetária para combater crises.
Devido ao fato, passou a ser conhecido como “Helicopter Ben”, pois certa vez defendeu a ideia do Nobel de economia, Milton Friedman, de que arremessaria dinheiro de um helicóptero para sair de um ambiente deflacionário. Ou seja, seria o momento de voltar ao heliporto.
Banco Central
Para conter a alta da moeda norte-americana, o Banco Central brasileiro tem agido no mercado para tentar manter a cotação abaixo de 2,15 reais.
“O Brasil dispõe de instrumentos e já mostrou que vai intervir quando for necessário”, afirma o economista. Ele explica que a inflação preocupa o governo e, para contê-la, o BC não pode deixar o dólar aumentar mais. “Vai ser um combate duro para não passar de 2,15 reais”, diz.
No começo da semana, a autoridade monetária atuou por meio de swaps cambiais tradicionais, que equivalem a vendas de dólares no mercado futuro. Foram dois leilões na segunda e dois na terça, algo que não ocorria desde o final do ano passado.
Na quarta-feira, quando o BC optou por não atuar, o dólar fechou o dia no patamar de 2,15 reais pela primeira vez em mais de quatro anos.
Medidas
Além disso, o ministro da Fazenda Guido Mantega busca reverter as medidas que fez uso quando a preocupação era a valorização do real. Nesta quarta-feira, o governo zerou o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) na compra e venda de dólar no mercado futuro, com o objetivo de diminuir as barreiras à venda de dólares no mercado futuro e forçar a queda da cotação.
A alíquota do IOF para essas operações estava em 1% desde setembro de 2011 e incidia tanto sobre o aumento da posição vendida como da redução da posição comprada. No último dia 4, Mantega já havia anunciado a isenção do IOF cobrado sobre as aplicações de estrangeiros em renda fixa no Brasil.
O corte no IOF, aliado à melhora vista nos mercados internacionais nesta quinta-feira, ajudou a derrubar o dólar nesta quinta-feira. A moeda americana encerrou o dia em baixa de 0,96%, a 2,13 reais.