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Por que os mercados não se recuperaram após as eleições gregas?

Investidores continuam muito preocupados com a situação da zona do euro

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 18 de junho de 2012 às 13h18.

São Paulo – Parte dos investidores esperava nesta segunda-feira um alívio ou algo parecido a uma bomba sobre os mercados financeiros após o resultado das eleições na Grécia realizadas no domingo. Apesar disso, o final não foi nem um e nem outro com a vitória de um partido conservador. As bolsas reagiram com ceticismo e não precificaram um cenário de melhora relevante. No mercado de títulos das dívidas dos países foi ainda pior. A desconfiança em relação à Espanha cresceu e os papéis de 10 anos chegaram a 7%, um nível considerado alarmante.

“Qualquer consolo para os mercados vindo do resultado da eleição na Grécia deverá ser de vivência curta. Até a Alemanha estar disposta a pagar a conta por parte da reestruturação da zona do euro e reconhecer que a união monetária implica em uma maior integração fiscal, política e bancária, a crise irá continuar”, ressalta a economista-chefe do canadense BMO Capital Markets, em relatório. 

O partido Nova Democracia (ND) venceu o pleito com 29,66% dos votos. Em segundo lugar ficou o esquerdista radical Syriza com 26,89% e, por fim, o terceiro colocado foi o socialista Pasok, com 12,28%. “Continuamos negativos sobre o euro porque a incerteza política na Grécia não deve chegar a um fim em breve e, portanto, as questões sobre a permanência do país na zona do euro irão continuar a assombrar a moeda por vários meses”, ressalta Gareth Berry, estrategista de moedas do UBS.

Agora, um próximo passo poderá ser uma renegociação dos termos do acordo entre a Grécia e a Troika - Banco Central Europeu (BCE), a Comissão Europeia e o Fundo Monetário Internacional (FMI) – para encontrar um meio termo para promover o crescimento, mas sem relaxar muito a austeridade. Uma fonte da UE disse hoje para a agência de notícias EFE que uma solução poderá ser dar mais dois anos para a Grécia cumprir as reformas exigidas como contrapartida para a assistência financeira de 240 bilhões de euros.


O líder do ND, Antonis Samaras, afirmou que seu eventual governo respeitará os pactos com a UE. Apesar disso, reiterou que buscará uma "renegociação". "Ontem disse que a Grécia respeita sua assinatura. Ao mesmo tempo queremos a renegociação do plano de resgate", disse ele durante uma entrevista coletiva.

A Espanha importa mais

A pressão sobre os títulos da dívida espanhola continua a crescer e as dúvidas sobre a saúde financeira do país e bancária têm atingido níveis recorde. “A menos que os líderes encontrem maneiras de transformar o potencial econômico da região e contenham os riscos de continuar a se espalhar para economias maiores como a Espanha, ainda parece muito cedo para os mercados colocarem os problemas da zona do euro para dormir”, ressaltam Emanuella Enenajor e Avery Shenfeld, economistas do banco canadense CIBC.

O índice IBEX-35, da bolsa da Espanha, foi o único entre os mais importantes da região a cair nesta segunda-feira. Com a baixa de quase 3%, o desempenho negativo saltou a 24% no ano.

“A Espanha e a fuga de depósitos irão continuar a ser o foco do mercado, sendo que o último poderá ser o catalisador para um final de jogo na zona do euro. Se isso acontecer, acreditamos que um programa de empréstimos de longo prazo (LTRO) de dois trilhões de euros ou um esquema de garantia de depósitos pelo Banco Central Europeu (BCE) serão necessário”, avalia o banco Credit Suisse em um relatório assinado por seis analistas.

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