Repórter
Publicado em 8 de outubro de 2025 às 07h09.
O ouro superou pela primeira vez na história US$ 4.000 por onça nesta quarta-feira, 8 — o nono recorde apenas de 2025.
O avanço, segundo a Reuters, reflete uma combinação de alguns fatores, como a crise fiscal que atravessa os Estados Unidos, a paralisação do governo, cortes de juros e o crescente interesse de bancos centrais e investidores em ativos de proteção.
De acordo com analistas ouvidos pela Bloomberg, o principal gatilho da recente disparada foi o impasse orçamentário em Washington, que levou à paralisação parcial do governo desde 1º de setembro.
O bloqueio ocorre após o Congresso não chegar a um acordo sobre o financiamento de programas de saúde, como os subsídios do Obamacare, que expira no final do ano.
O 'shutdown', que já dura oito dias, atrasou a divulgação do payroll — importante relatório econômico mensal — o que passou a obrigar investidores a depender de fontes privadas para medir a direção da política monetária.
O mercado agora projeta dois cortes de 0,25 ponto percentual nas próximas reuniões do Federal Reserve (Fed), o que reduz os rendimentos reais e torna o ouro mais atraente ao mercado.
“Os fatores de fundo continuam os mesmos — incerteza geopolítica — com o acréscimo da paralisação do governo”, avaliou Rhona O’Connell, analista da StoneX, à Reuters. “Embora o impasse não tenha afetado as ações, há uma busca maior por proteção via ouro.”
A alta também ocorre em meio à pressão do presidente Donald Trump sobre o Fed. O republicano vem questionando a atuação do banco central, ameaçando o presidente Jerome Powell e buscando a demissão da diretora Lisa Cook, em uma disputa que especialistas apontam como o maior teste à autonomia da instituição.
Além da incerteza econômica nos EUA, as crises internacionais, incluindo os conflitos no Oriente Médio e na Ucrânia.
Outro elemento essencial dessa escalada é o forte volume de compras por bancos centrais, que continuam acumulando o metal em ritmo acelerado. Paralelamente, os fundos de índice (ETFs) de ouro registraram, em setembro, o maior fluxo mensal em mais de três anos, segundo a Bloomberg.
O Deutsche Bank destaca que, pela primeira vez em cinco anos, ETFs de mercados desenvolvidos voltaram a comprar ouro. Segundo o analista Michael Hsueh, o movimento consolida a tendência de alta.reu
De acordo com especialistas ouvidos pela Reuters, o otimismo com o ouro também reflete o chamado “medo de ficar de fora” (FOMO), que tem levado investidores a reforçar suas posições.