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Por que o Goldman Sachs acredita que investir na China pode ser arriscado

País anunciou que em 2023 houve o menor volume de investimento estrangeiro direto desde a década de 1990

China anunciou uma meta de crescimento de 5% para este ano (Divulgação / Getty Images)

China anunciou uma meta de crescimento de 5% para este ano (Divulgação / Getty Images)

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter colaborador

Publicado em 5 de março de 2024 às 05h41.

O momento de queda no mercado acionário da China parece que não vem despertando o apetite de alguns investidores. Em entrevista à Bloomberg, a diretora de Tecnologia da Informação do Goldman Sachs, Sharmin Mossavar-Rahmani, foi enfática: "Nossa opinião é que não se deve investir na China".

A executiva disse nesta terça-feira que investir na China pode ser arriscado, apesar das recentes quedas no mercado de ações do país. Ela também expressou preocupação com a trajetória econômica do país na próxima década.

Para sustentar seu argumento, Mossavar-Rahmani falou que a China terá dificuldades com o enfraquecimento dos três pilares do crescimento até agora - o mercado imobiliário, a infraestrutura e as exportações. "A falta de clareza na formulação de políticas na China, juntamente com dados econômicos irregulares, aumentam as preocupações quanto a investimentos no país", acrescentou.

Ela também observou incertezas na direção da política da China, especialmente com relação a medidas de segurança da informação e restrições à remoção de dados do país.

"Não está claro qual será a direção geral da política a longo prazo", disse Mossavar-Rahmani. "As incertezas políticas geralmente limitam um pouco o mercado acionário."

Em fevereiro, o índice de referência CSI 300 (que representa cerca de 60% do valor de mercado de Xangai e Shenzhen) caiu para o nível mais baixo em cinco anos em meio a preocupações com a situação da demanda doméstica em um momento de escalada das tensões geopolíticas. Desde então, ele se recuperou depois que órgãos reguladores tomaram medidas para conter as vendas e aumentar as compras institucionais.

Ela disse que as medidas atuais são possíveis medidas de estímulo de curto prazo, mas sugerem que o setor imobiliário da China ainda não se estabilizou.

"Os dados não são claros. Realmente não temos uma boa noção de qual foi o crescimento no ano passado ou qual será o crescimento neste ano", ecoando as preocupações de vários economistas que duvidam dos números oficiais de expansão econômica da China.

Apesar da China anunciado uma taxa de crescimento acima de 5% para 2023, ela afirmou que "a maioria das pessoas acha que esse não é o número real de crescimento - na verdade, foi muito mais fraco".

Meta modesta chinesa

Na terça-feira, a China fixou uma (modesta, para muitos economistas) meta oficial de crescimento de cerca de 5% para este ano e a promessa de criar 12 milhões de empregos em meio a preocupações crescentes com o mercado de trabalho.

O país espera criar mais de 12 milhões de vagas em áreas urbanas e manter a taxa de desemprego urbano em cerca de 5,5% este ano, disse o primeiro-ministro chinês Li Qiang em seu relatório de trabalho apresentado na sessão de abertura do Congresso Nacional do Povo.

Li disse que uma política fiscal proativa e uma política monetária prudente serão mantidas, com a proporção do déficit em relação PIB definida em 3% e o déficit do governo aumentará em 180 bilhões de yuans (US$ 26 bilhões) em relação ao valor do orçamento de 2023.

Neste mês, a China anunciou que em 2023 houve o menor volume de investimento estrangeiro direto desde a década de 1990.

Os passivos de investimento direto da China, uma medida que inclui os lucros retidos de empresas estrangeiras no país, aumentaram em US$ 33 bilhões em 2023, uma queda de 81,7% em relação a 2022, de acordo com dados da Administração Estatal de Câmbio. e o menor valor anual desde 1993.

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