Petrobras (PETR3) (Paulo Whitaker/Reuters)
Repórter
Publicado em 8 de março de 2024 às 12h49.
Última atualização em 8 de março de 2024 às 13h02.
O anúncio de que a Petrobras (PETR4) não irá distribuir como dividendo extraordinário o lucro remanescente de R$ 43,9 bilhões pegou o mercado de surpresa. Mesmo com a perspectiva de que a companhia reteria parte do valor, o consenso do mercado era de que a companhia ainda distribuiria um valor extra de R$ 15 bilhões a R$ 25 bilhões. Com a decisão, as ações da companhia caem perto de 13%, provocando uma perda de R$ 62 bilhões em valor de mercado.
Apesar da reação negativa do mercado, analistas do BTG (do mesmo grupo controlador da Exame) ainda veem razões para recomendar a compra da ação. Em relatório, o banco admite que a não distribuição de dividendos extras aumenta a percepção de risco sobre a companhia, mas afirma que "a classificação de compra na Petrobras não se baseia apenas na capacidade da empresa de pagar dividendos extras".
As bases da recomendação de compra, afirmou o BTG, é a geração de caixa de 2024, que o banco espera que fique acima do consenso de mercado. "Com base nos últimos anos, há grandes probabilidades de que a Petrobras proporcione maior produção e menor investimento. Isto, combinado com os preços do petróleo, irá provavelmente desencadear uma onda de revisões positivas dos lucros no futuro", afirma o BTG em relatório.
O segundo motivo para a manutenção da recomendação de compra, afirmou o BTG, é a confiança de que “os mecanismos de governança corporativa podem prevalecer". "Se estivermos certos, mesmo assumindo uma alocação de capital abaixo da média, dificilmente veríamos fusões e aquisições ou quaisquer pagamentos relacionados a liquidações de passivos fiscais ocorrendo no segundo trimestre, pois teriam que seguir inúmeros procedimentos e aprovações dos comitês internos e independentes da empresa".
Quanto ao dinheiro destinado à reserva da Petrobras, o BTG não vê outra utilidade senão a distribuição aos acionistas, a menos que alterem o estatuto social da empresa.
O banco também avalia que o dinheiro destinado à reserva seria suficiente para comprar 100% da Vibra e uma participação de 50% na refinaria Maratipe. "Além disso, mesmo assumindo a orientação de investimento para 2024, a Petrobras ainda deverá gerar US$ 4 bilhões em dinheiro extra este ano, o que significa que a reserva de capital continuaria a crescer."