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Por que Icahn, o bilionário encrenqueiro, gosta da Netflix

Carl Icahn é conhecido por entrar nas empresas e causar confusões, mas agora diz que pensa diferente


	As ações dispararam 12% assim que o investimento de Icahn se tornou público 
 (Michael Nagle/Getty Images)

As ações dispararam 12% assim que o investimento de Icahn se tornou público  (Michael Nagle/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 5 de novembro de 2012 às 17h57.

São Paulo – O investidor bilionário em ações Carl Icahn, conhecido por causar polêmicas nas empresas em que põe seu dinheiro, parece estar satisfeito com os seus investimentos na Netflix. As ações da empresa (NFLX) dispararam 12% assim que a entrada se tornou pública por meio de um comunicado ao mercado.

Icahn passou a comprar, a partir de setembro, as ações e opções de ações até atingir uma participação de 10%, o que o tornou o maior acionista individual na companhia de filmes online. Na média, o valor pago por cada foi de aproximadamente 60 dólares, o que já se mostrou uma grande tacada do investidor. Os papéis terminaram a sessão de sexta-feira a 76,90 dólares. Ou seja, caso quisesse vendê-los hoje, o bilionário embolsaria um ganho de 28%.

Uma dúvida, contudo, paira sobre os investidores. Por que Icahn estaria interessado em uma empresa que viu o seu valor de mercado derreter no ano passado após as crescentes incertezas sobre o seu modelo de negócios e uma estratégia equivocada tomada pelo seu presidente, Reed Hastings. As ações da Netflix chegaram a ser negociadas a 304 dólares em julho de 2011, mas logo despencaram. O valor atual está 75% abaixo da máxima.

Hastings anunciou a divisão da unidade de serviços de transmissão de filmes e programas de televisão pela internet (streaming) daquela de envio de DVDs por correio. O resultado foi um aumento no valor da assinatura. O plano, que era de 9,99 dólares antes da separação, saltou para 15,98 dólares para quem desejasse continuar com os dois serviços. Os consumidores ficaram irritadíssimos e a Netflix voltou atrás da sua decisão, mas o estrago já tinha sido feito.

Venda da empresa

Apesar de o número de assinantes ter voltado ao nível anterior ao desastre da divisão das unidades de negócios, o mercado questiona as reais intenções de Icahn. Em apostas anteriores, como as realizadas no Yahoo!, Viacom International, Time Warner e Lions Gate Entertainment, ele se concentrou em tentar mudar as diretorias ou a forçar a venda das empresas.


“Não estou aqui como um crítico da administração de Reed, ao contrário de muito do que eu faço”, disse ao Los Angeles Times. Visto como oportunista, Icahn se defende ao dizer que a ação está mal avaliada e diz  que a companhia tem revolucionado a maneira com que os consumidores assistem filmes e séries de TV. Parte do mercado, entretanto, acredita que a verdadeira intenção dele seja a de ganhar com uma possível venda da companhia.

“O que Icahn vê que nós não enxergamos? Parece improvável que a companhia irá gerar mais lucro do que o visto hoje até 2014, se chegar a isso”, disse o analista Charlie Wolf para a revista Barron’s. Segundo ele, o investidor pode ter se animado com as especulações sobre um possível interesse da Microsoft em comprar a Netflix. “Dado o fraco histórico de aquisições da Microsoft, a especulação pode até ter mérito”, provoca o analista.

Os rumores e a entrada de Icahn fizeram com que a empresa se movimentasse rapidamente. A administração criou um plano de direitos sobre as ações que torna praticamente impossível o lançamento de uma oferta hostil sobre a companhia até novembro de 2015, mostra um comunicado enviado ao mercado nesta segunda-feira. A estratégia do bilionário, caso fosse a de ganhar com uma venda, agora pode ter se mostrado equivocada.

O recado da Netflix foi bem claro. Não está à venda. E, implicitamente, lembrou Icahn que a reputação dele também não está das melhores.

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