Netflix: surto de coronavírus pode ajudar ações da empresa (Gabby Jones/Bloomberg)
Tamires Vitorio
Publicado em 4 de março de 2020 às 15h47.
Última atualização em 4 de março de 2020 às 16h11.
São Paulo — O surto do novo coronavírus (COVID-19) já deixou quase 3 mil mortos ao redor do mundo todo e fez com que cidades na Itália, na China e na Coreia do Sul estabelecessem quarentenas. No Brasil, até o momento, foram confirmados dois casos e mais 488 suspeitos.
Apesar de investidores do mundo inteiro estarem preocupados sobre os impactos do vírus na economia global, as ações de algumas companhias podem ser beneficiadas — a Netflix, por exemplo, é uma delas.
Um levantamento da norte-americana MKM Partners apontou que as ações do Facebook, Yelp, Amazon, Alibaba, Slack, eBay, entre outras, também podem ter resultados positivos no mercado. Isso porque todas fazem parte de um grupo de empresas de "ficar em casa".
A aposta para a Netflix também é do analista Dan Salmon, do banco de investimento BMO Capital Market. "Ela é obviamente uma beneficiária de pessoas ficando em casa por conta de preocupação com o vírus, e isso refletiu consideravelmente nas ações", disse Salmon em nota enviada para o site norte-americano Variety.
Na semana passada, as ações da plataforma de streaming se valorizaram 0,8% e ficaram no top 10 de melhores performances do índice S&P 500, que, no período, caiu 11,49% - a maior queda desde a crise financeira de 2008. A ação também acumula alta de mais de 15% neste ano.
Mas Rafael Bevilacqua, CEO da Levante, não acredita que o surto da doença favoreça as ações da empresa no longo prazo. "Não vejo um grande sentimento de que a empresa vai ter um baita de um trimestre por causa desse fator. Uma camada mais popular da China não assina a Netflix", afirma. Para ele, os temores financeiros em relação ao vírus nada mais são do que reações exageradas do mercado, que tendem a se dissipar com o passar dos meses.
Em 2019, o saldo da Netflix foi positivo. No quarto trimestre do ano passado, o lucro foi 587 milhões de dólares, o que representa um aumento de 338,06% em relação ao mesmo período de 2018. A previsão para este ano é de 5,731 bilhões de dólares de receita líquida, lucro líquido de 750 milhões de dólares e lucro por ação diluído de 1,66 dólares.
Na terça-feira (4), as ações da companhia fecharam em queda de 3,22%. Nesta quarta-feira (4), às 15h42, as ações subiam 3,31% na NASDAQ.
O resultado final para hoje, enfim, pode ser positivo — mesmo se não for puxado pelo coronavírus.
No fim de fevereiro, os chineses estavam aproveitando o tempo em casa para comprar camisinhas, livros, video games e tapetes de ioga. As vendas de livros pelo Alibaba na China na semana do dia 10 de fevereiro, por exemplo, aumentaram em 60% em relação a semana anterior, segundo a agência de notícias Reuters.
Já as empresas de turismo e viagens compartilhadas, como a Uber e a Boeing, ou que dependem diretamente da China, como a Apple, continuarão a sofrer impactos negativos de acordo com a análise da MKM.