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Por que as ações da Netflix caíram — apesar do lucro alto e receita acima do esperado

Os papéis da plataforma de streaming caíram 5,10% após o resultado, por conta sobretudo da incerteza sobre os próximos trimestres

Netflix: por que as ações caem? (Netflix/ Montagem)

Netflix: por que as ações caem? (Netflix/ Montagem)

Luiza Vilela
Luiza Vilela

Repórter de POP

Publicado em 19 de julho de 2025 às 14h23.

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Na guerra dos streamings, a Netflix já aparece como campeã, e não é de hoje. Na noite da última quinta-feira, 17, a companhia divulgou resultados financeiros do segundo trimestre de 2025 bem acima do esperado pelos analistas — uma repetição do cenário do último ano quase inteiro.

Só que dessa vez os bons números não foram suficientes para manter os papéis da empresa em alta.

As ações da Netflix encerram a sexta-feira, 18, em queda de 5,10%, apesar do crescimento forte do lucro (45,5%) e da receita (16%), incomuns para a época do ano.

Uma das principais razões para a queda, avaliam analistas ouvidos pelo Wall Street Journal, Bloomberg e CNBC, foi o guidance de receita para os próximos trimestres.

O bom resultado do segundo trimestre fez a gigante do streaming revisar as projeções de receita para o ano de US$ 44,8 para 45,2 bilhões. E os analistas ponderaram que boa parte do crescimento  no período foi motivado pelo dólar enfraquecido.

Real; dólar

Real; dólar (Montagem EXAME/Canva)

Dólar e publicidade: será que o crescimento orgânico acabou?

Era de se esperar que os investidores fossem em busca uma projeção mais robusta e com maior ênfase no crescimento orgânico. Em especial porque, na virada do ano, o co-CEO Ted Sarandos avisou que a Netflix deixaria de divulgar o número de assinantes — dado importante para o monitoramento do setor e dos demais concorrentes — para focar na receita e no lucro.

O desânimo do mercado, porém, não é algo que a empresa já não tivesse no radar. O próprio CFO da empresa, Spencer Neumann, reconheceu durante a reunião com investidores o impacto da moeda — visto que uma parte significativa das vendas da Netflix vêm de fora da América do Norte.

Mas também destacou o crescimento saudável do lucro e a boa performance nas vendas de anúncios, a principal aposta da empresa para 2025. O crescimento do serviço de anúncios foi notável. As vendas chegaram a US$ 1,9 bilhão em 2024 e tem expectativa de um salto para US$ 3,9 bilhões neste ano.

Acontece que a falta de uma expansão clara no número de assinantes e a dependência crescente do modelo de publicidade para impulsionar a receita geraram preocupação sobre a sustentabilidade do modelo de negócios no longo prazo.

E mudam o curso do aparente crescimento "natural" que a empresa vinha apresentando com os conteúdos próprios nos trimestres anteriores, sobretudo pelas transmissões ao vivo e novas séries de sucesso.

Analistas ouvidos pela Barron's destacaram também que o mercado mostrou ceticismo em relação ao preço das ações, que já havia dobrado em valor no último ano. O índice preço/lucro (P/E) da Netflix, que chegou a 44 vezes os lucros esperados para os próximos 12 meses, está em níveis próximos aos mais altos em três anos.

Embora a empresa tenha mostrado uma forte margem de lucro de 34%, um recorde, a combinação de expectativas elevadas e o receio de que a Netflix precise de mais do que anúncios para continuar a trajetória de crescimento pesou no valor das ações, segundo os analistas.

Semestre promissor

Ainda que o câmbio tenha afetado os papéis, o próximo semestre parece promissor para que a Netflix justifique o preço das ações.

Na reunião com investidores, após a divulgação dos resultados do trimestre, a empresa projeta que o lucro líquido ultrapasse os US$ 10 bilhões pela primeira vez. A aposta se apoia na estreia de séries originais, já que, até o fim do ano, lançará a temporada final de "Stranger Things" e a segunda de "Wandinha", duas das séries mais populares da plataforma.

Em dezembro, a Netflix também repete a dose das transmissões da National Football League (NFL) ao vivo, que em 2024 foram um dos principais atrativos para novas assinaturas. Para além do apelo esportivo, o show do intervalo também têm apelo com fãs de música. No ano passado, a cantora da vez foi a Beyoncé.

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