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Por que a Tesla está perdendo espaço enquanto rivais de veículos elétricos aceleram

Fim dos subsídios nos EUA, avanço da BYD e guerra de preços na China pressionam resultados da montadora

Tesla: empresa perde espaço global em meio à concorrência (Jeremy Moeller/Getty Images)

Tesla: empresa perde espaço global em meio à concorrência (Jeremy Moeller/Getty Images)

Publicado em 24 de outubro de 2025 às 15h10.

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As entregas globais de veículos da Tesla devem cair pelo segundo ano consecutivo, mesmo com o crescimento do mercado mundial de carros elétricos, de acordo com informações da Bloomberg. A empresa enfrenta redução na demanda interna após o término do crédito fiscal de US$ 7.500 oferecido aos consumidores norte-americanos e aumento de custos com tarifas impostas pelo governo dos Estados Unidos.

Além da perda de receita com a venda de créditos regulatórios, a Tesla observa desaceleração de vendas em mercados estratégicos como China e Europa, ao mesmo tempo, em que rivais locais ampliam a oferta de modelos mais baratos.

As entregas globais da Tesla caíram 13% no primeiro semestre de 2025, reflexo da interrupção temporária nas fábricas para o redesenho do Model Y. O terceiro trimestre registrou recuperação de 7%, impulsionada pela corrida dos consumidores para aproveitar o subsídio antes de seu fim em setembro.

Nos Estados Unidos, a empresa mantém a liderança entre as marcas de veículos elétricos, mas sua participação no segmento caiu de mais de 75% em 2022 para cerca de 40% neste ano, segundo a Kelley Blue Book.

Na Europa, as vendas recuaram um terço entre janeiro e agosto, enquanto o mercado de elétricos na região cresceu 26%, segundo a Associação Europeia de Fabricantes de Automóveis. Já na China, as remessas da fábrica de Xangai diminuíram em sete dos nove primeiros meses de 2025, de acordo com a Associação Chinesa de Automóveis de Passageiros.

Concorrência e desafios na linha de produtos

A Tesla segue com uma linha restrita de cinco modelos — Model S, Model X, Model 3, Model Y e Cybertruck — e ainda não lançou um veículo de baixo custo. As versões simplificadas do Model 3 e do Model Y, com preço inicial em torno de US$ 40 mil, reduziram autonomia e recursos, mas não atingiram o público de entrada.

Enquanto isso, a chinesa BYD mantém vantagem ao oferecer maior variedade e preços mais competitivos. A empresa superou a Tesla em entregas de veículos 100% elétricos por quatro trimestres consecutivos, consolidando-se como líder global no segmento.

As políticas do CEO Elon Musk também influenciam o desempenho da empresa. Sua aproximação com o Partido Republicano e o apoio financeiro à campanha do presidente Donald Trump em 2024 resultaram em desgaste político e na eliminação de incentivos federais ao setor.

As tarifas impostas pelo governo norte-americano adicionaram cerca de US$ 700 milhões aos custos da Tesla nos últimos trimestres. Além disso, a receita com a venda de créditos regulatórios, usada por outras montadoras para cumprir metas de emissões, caiu 44% no terceiro trimestre.

Estratégias de retomada e novas apostas

A Tesla abriu seu primeiro showroom na Índia em julho, mas enfrenta barreiras de preço: o Model Y básico custa cerca de US$ 70 mil no país, valor elevado para o mercado local. Na China, a empresa tenta recuperar espaço com novos recursos baseados em inteligência artificial e versões de seis lugares do Model Y, com preço a partir de US$ 47,2 mil.

Musk também centralizou o comando das operações na Europa e nos Estados Unidos após a saída de executivos de longa data. Paralelamente, reforça a aposta em robótica e automação, com planos de expandir o serviço de robotáxis, o Cybercab, lançado em Austin, Texas.

O bilionário afirma que os robôs humanoides e os veículos autônomos podem representar até 80% do valor futuro da Tesla, que ainda depende de aprovação regulatória para operar em larga escala.

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