Petrobras (SOPA Images/Getty Images)
Publicado em 16 de maio de 2023 às 14h21.
Última atualização em 16 de maio de 2023 às 18h50.
As ações da Petrobras (PETR4) chegaram a subir mais de 3% terça-feira, 16, mesmo com as preocupações quanto aos efeitos da mudança da política de preço anunciada pela manhã.
Em comunicado divulgado nesta manhã, a companhia informou que o novo modelo de precificação será lastreado em dois fatores: "o custo alternativo do cliente, como valor a ser priorizado na precificação e o valor marginal para a Petrobras".
"O custo alternativo do cliente contempla as principais alternativas de suprimento, sejam fornecedores dos mesmos produtos ou de produtos substitutos, já o valor marginal para a Petrobras é baseado no custo de oportunidade dadas as diversas alternativas para a companhia dentre elas, produção, importação e exportação do referido produto e/ou dos petróleos utilizados no refino", explicou a Petrobras.
Em conversa com jornalistas nesta manhã, Jean Paul Prates, presidente da Petrobras, ressaltou que a mudança "não é uma volta ao passado" e que não espera se "afastar absolutamente da referência internacional dos preços". "Os preços estiveram mais altos, isso será refletido no Brasil."
Prates, no entanto, afirmou que a nova política de preços será bem diferente da anterior. "Desde Getúlio Vargas, o Brasil não tinha essa volatilidade. Essa PPI [Política de Paridade de Importação] foi uma abstração, nunca foi praticada. Para a Petrobras ficou como se tivesse que praticar o preço da concorrência. Estamos colocando um filtro que a empresa Petrobras consegue fazer para amortecer esses efeitos. Essa é a vantagem de ter refino e autossufiencia em petróleo."
Segundo o presidente da Petrobras, a nova dinâmica de preços irá preservar o resultado econômico da empresa. "Não vai abaixo da rentabilidade. Política competitiva de preços para o mercado interno defende a rentabilidade da empresa. Se trata de estratégia de empresa", afirmou
No mercado, apesar de muitas incertezas sobre o nível de lucratividade da Petrobras a sensação que ficou foi a de que poderia ter sido pior.
" O mercado já esperava algo bem ruim. próximo ao que foi feito no governo Dilma Rousseff. O anúncio, um pouco mais brando em meio à perspectiva de que seria muito ruim trouxe um fôlego para a ação, apesar da mudança de política de preços", disse Felipz Isac, sócio Nexgen Capital. Isac ainda ressalta que no mercado há o "clima de euforia" com a Petrobras, após a empresa ter anunciado na semana passada dividendos e resultado robustos para o primeiro trimestre.
Lucas Serra, analista da Toro, também avaliou que o mercado esperava por uma mudança mais drástica para a empresa. "Apesar de estar revendo a política de preços e indo contra a PPI, a alteração foi vista como branda em relação ao que o mercado esperava", disse.
Por outro lado, Serra afirmou que ainda há dúvidas sobre os detalhes de como será a precificação. "Seguimos aguardando por uma maior precisão de como a política de preços será implementada."
"Não se vê na nova política represamento de preços, como feito em 2015, ou subsídio para importação de combustível. Isso é positivo, mas não quer dizer que não pode ser feito. Pelo novo modelo, há espaço para chegar em um denominador muito mais baixo que o preço de mercado, criando-se algum tipo de distorção. Havia a expectativa de que houvesse uma política mais rígida nesse sentido, mas não teve. Por isso, a ação sobe", disse Ilan Abertman, analista da Ativa.
Nesta manhã, a Petrobras anunciou corte de R$ 0,44 no preço do litro do diesel para R$ 3,02 e de R$ 0,40 no preço da gaolina para R$ 2,78 por litro.