Confab (Divulgação)
Da Redação
Publicado em 30 de agosto de 2011 às 16h39.
São Paulo – A proposta de fechamento do capital da fabricante de tubos de aço Confab (CNFB4) lançada pela sua controladora Tenaris tem levantado discussões no mercado. A oferta de 5,20 reais garantiu um prêmio de 31,2% em relação ao fechamento do dia anterior, mas é vista por parte dos analistas como oportunista.
Isso acontece porque a Confab está em um momento de baixo uso da sua capacidade instalada, em torno de 25% a 30%, bem distante do nível de 70% atingido recentemente. “É um negócio extremamente cíclico. Sob essa ótica, a empresa estaria sendo comprada no menor nível de geração de caixa”, ressalta André Facury, analista da Perfin Investimentos.
Entretanto, parece não haver dúvida sobre o potencial de crescimento de longo prazo da Confab, que poderia lucrar alto com as perspectivas para o setor de óleo de gás no Brasil. “Dado ao grande potencial de negócios no Brasil nos próximos anos, o momento da transação parece bem escolhido, particularmente devido desempenho muito fraco das ações nos últimos doze meses”, lembra o analista Frank McGann, do BofA Merrill Lynch, em relatório.
“Ressaltamos que, apesar do prêmio oferecido, o valor proposto ficou abaixo do nosso preço-alvo (R$ 7,96 por ação)”, explica a analista Cristiane Viana, da Ágora Corretora, em relatório. Segundo ela, considerando a margem Ebitda de 25% apresentada no segundo trimestre a carteira de pedidos da companhia resultaria em uma entrada de 325 milhões de reais no caixa. Além disso, a Confab possui um caixa líquido de 420 milhões de reais.
“O somatório destes fatores, juntamente com o potencial de demanda crescente por tubos (fundamentado nos potenciais projetos em análise no segmento de petróleo e gás, de alcooldutos e de minerodutos no país), nos faz classificar como tímido o valor oferecido no processo de aquisição”, ressalta Cristiane.
A compra não é uma surpresa, pois a Confab é a única das empresas da Tenaris que ainda não possui 100% do controle. “Ainda assim, a Tenaris sempre indicou que preferia ter acionistas locais como parceiros em seu negócio na Confab. Mas, com o crescimento do potencial do Brasil, manter esse pensamento parece ter apenas tornado o negócio mais complexo”, explica McGann.
Com a Confab inteira em suas mãos, a Tenaris não precisa mais respeitar um acordo que possuía com a sua subsidiária de não oferecer produtos que não fossem aqueles fabricados pela brasileira, o que abre espaço para o crescimento da companhia – bastante forte nos EUA e Canadá - no país. “A Tenaris faz mais do que tubos com costura produzidos pela Confab. Do ponto de vista estratégico faz todo o sentido”, ressalta Facury.
O que fazer?
Para o analista da Perfin Investimentos, o acionista que possui os papéis da Confab há muitos anos pode até se sentir injustiçado ao ver as suas ações serem compradas ao preço de 5,20 reais enquanto as perspectivas parecem mais brilhantes, mas lembra que é preciso também considerar o momento do mercado e da empresa.
“Ele pode até não achar tão interessante porque a partir do momento no qual os investimentos em petróleo e no pré-sal começarem a geração de caixa da empresa irá crescer com o maior uso da capacidade instalada. Mas isso é para 5 ou 6 anos. O investidor deixa o potencial na mesa, mas com um prêmio que considero justo”, explica.