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Por que a Lazard quer um novo preço pela Redecard

Acionista vê várias deficiências na análise da Rothschild, mas o Itaú não está nem aí para isso

Autoatendimento do Itaú (Alexandre Battibugli/EXAME)

Autoatendimento do Itaú (Alexandre Battibugli/EXAME)

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Da Redação

Publicado em 3 de maio de 2012 às 14h41.

São Paulo – A gestora de recursos Lazard Asset Management, acionista com quase 10% da Redecard (RDCD3), não ficou contente com a avaliação preparada pela Rothschild sobre o valor da empresa como parte do processo lançado pelo controlador Itaú, que visa fechar o capital na bolsa de valores. 

A carta enviada à administração da empresa na semana passada e assinada por Rohit Chopra, presidente da Lazard, aponta uma série de deficiências no laudo que sustentou a proposta de aquisição com o valor de 35 reais por ação. O acionista exerceu o seu direito e solicitou uma nova opinião sobre o valor da Redecard e indicou o Credit Suisse para a função.

A Assembleia Geral Extraordinária foi marcada para o próximo dia 18 de maio. Segundo a lei das Sociedades Anônimas (Lei das S.A.), o pedido para uma nova análise precisa incluir “elementos de convicção que demonstrem a falha ou imprecisão no emprego da metodologia de cálculo ou no critério de avaliação adotado”. E foi isso que ela fez.

Conservador demais

Segundo o texto divulgado hoje, a Lazard avalia que o relatório apresenta “várias deficiências que resultam em uma avaliação menor para a empresa” e utiliza previsões de renda (Taxa cobrada de estabelecimentos comerciais, crescimento do volume de operações de débito e crédito, taxa de penetração de pré-pagamento a lojistas, etc.) e de custos que são muito conservadores comparados às tendências históricas e às expectativas dos analistas de mercado.

A gestora explica ainda que os níveis de alavancagem não são adequados para o modelo de alta geração de caixa e pouco capital da Redecard. Além disso, que a análise comparativa não é abrangente e deveria incluir parceiras e análises globais de outras fusões e aquisições do setor. “É possível que o relatório da Rothschild tenha outras deficiências que poderão vir à tona somente após um novo relatório de avaliação for elaborado”, mostra a carta.


O Itaú tem cinco dias após a nova avaliação, que poderá levar 30 dias para ser concluída, para decidir se irá continuar ou não com a proposta. No entanto, pela postura adotada até agora pelo banco, a expectativa é de que nada mude. A única mudança na atitude do banco foi recuar a ameaça de remover a Redecard do Novo Mercado, o nível mais elevado de governança corporativa da BM&FBovespa.

“Tô nem aí”

O banco esclareceu que desistirá da operação caso o valor fique acima dos 35 reais previstos, mas o mercado espera ainda mais. Segundo a análise de Paulo Ribeiro, do HSBC, o Itaú poderia renegociar os contratos com a Redecard e pedir um lucro parecido ao da Caixa ou do banco Safra. Caso isso não dê certo, o Itaú partiria então para a venda de parte ou totalidade das ações na Redecard.

A saída seguinte então seria usar a Hipercard, totalmente controlada pelo banco, para criar a própria credenciadora. “Esse cenário seria muito negativo para o desempenho de Redecard e Cielo”, disse o analista em um relatório publicado no dia 30 de abril.

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