Invest

Por que a fala de um integrante do Fed fez o dólar mudar de direção

Moeda americana operava abaixo de 5 reais pela manhã, mas passou a subir e fechou em alta de quase 1% com após entrevista de James Bullard, negociado a R$ 5,07

O dólar ameaçou fechar abaixo de 5 reais pela primeira vez desde junho de 2020, mas acabou subindo | Foto: Lee Jae-Won/Reuters (Lee Jae-Won/Reuters)

O dólar ameaçou fechar abaixo de 5 reais pela primeira vez desde junho de 2020, mas acabou subindo | Foto: Lee Jae-Won/Reuters (Lee Jae-Won/Reuters)

R

Reuters

Publicado em 18 de junho de 2021 às 20h32.

O dólar subiu acentuadamente contra o real no fechamento desta sexta-feira, 18 de junho, depois de chegar a ser negociado abaixo de 5 reais mais cedo, acompanhando o fortalecimento global da moeda americana na esteira de comentários "hawkish" (duro com a inflação) de uma autoridade do Federal Reserve.

O presidente do Fed de St. Louis, James Bullard, disse à CNBC nesta manhã que a inflação nos Estados Unidos está mais intensa do que o esperado. Ele também afirmou que está entre as sete autoridades do banco central que esperam que medidas mais agressivas -- como um aumento de juros já no ano que vem -- contenham as pressões sobre os preços.

Aprenda a negociar no mercado futuro e ganhe com as oscilações do dólar. Veja como

Após os comentários de Bullard, o dólar devolveu suas perdas iniciais contra o real e manteve um movimento de alta até o fechamento. A moeda americana registrou ganho de 0,92% neste pregão, a 5,0712 reais na venda. Na B3, o dólar futuro de maior liquidez avançava 1,23%, para 5,0775 reais.

A moeda americana teve queda de aproximadamente 0,965% contra o real no acumulado da semana. Até agora em 2021, o dólar recua cerca de 2,3% em relação à divisa local.

No exterior, o índice do dólar e os rendimentos americanos ganharam terreno após a notícia, enquanto as ações globais recuaram. Peso chileno, peso mexicano e rand sul-africano caíam mais de 1% nesta sexta-feira.

Com a discussão em torno de um aperto monetário mais cedo do que o esperado na maior economia do mundo, "o mercado fica naquela ansiedade: será que já vai começar uma migração dos investidores para ativos dos Estados Unidos em detrimento de ativos de países emergentes?", disse Gustavo Cruz, estrategista da RB Investimentos.

Na quarta-feira, o Fed já havia anunciado a antecipação de suas projeções para o primeiro aumento nos juros pós-pandemia de 2024 para 2023, abrindo também a discussão sobre quando e como pode ser apropriado começar a reduzir suas compras mensais de 120 bilhões de dólares em títulos, que injetam liquidez nos mercados.

Juros mais altos nos EUA tendem a favorecer a moeda americana com o ingresso no mercado local de recursos de investidores que buscam retornos mais altos e, ao mesmo tempo, a segurança dos títulos soberanos americanos.

Por outro lado, o Brasil também conta com perspectivas de elevação de juros, o que ajudou o real a tocar em 4,9823 reais na cotação mínima intradiária desta.

O Banco Central promoveu a terceira alta consecutiva de 0,75 ponto percentual da taxa Selic na quarta-feira, para 4,25% ao ano, e anunciou a intenção de dar sequência ao aperto monetário com uma nova alta de pelo menos a mesma magnitude em sua próxima reunião, no começo de agosto.

O Comitê de Política Monetária (Copom) do BC também abandonou o uso da expressão "normalização parcial" para se referir ao atual ciclo de alta de juros, explicitando que pretende fazer um aperto maior do que vinha sendo sinalizado até então, levando a Selic para patamar considerado neutro.

Em nota, analistas da Genial Investimentos avaliaram que esses são todos sinais "positivos para a trajetória do real nos próximos meses, apesar da postura mais dura do Federal Reserve."

Um maior diferencial de juros entre o Brasil e os países de economias avançadas tende a beneficiar o real, principalmente devido a estratégias de "carry trade". Elas consistem na tomada de empréstimos em moeda de país de juro baixo e compra de contratos futuros da divisa de juro maior (como o real). O investidor ganha com a diferença de taxas.

Em meio a esse cenário -- que era acompanhado por alguns sinais de avanço na vacinação da população brasileira contra a Covid-19 --, "o real deve continuar testando patamares abaixo de 5 reais", disse Cruz, da RB Investimentos.

Para ele, o que vai fornecer apoio à divisa local será o alívio de temores de restrição econômica devido à Covid-19 e sinais de maior oferta de vacinas no país.

Mas talvez leve tempo para o dólar cruzar a marca psicológica com mais força: "existem muitas posições em torno dos 5 reais, então é um patamar em que existe uma certa resistência".

A última vez em que o dólar fechou um pregão abaixo dos 5 reais foi em 10 de junho de 2020 (4,9398 reais).

Quer se proteger das variações do dólar e ainda lucrar com isso? Aprenda a operar minicontratos do Ibovespa e do dólar com especialistas do BTG Pactual digital. Veja como começar

(Com a Redação)

Acompanhe tudo sobre:DólarInflaçãoFed – Federal Reserve SystemBanco CentralJurosSelicCopom

Mais de Invest

Dividendos mais altos? Reforma tributária pode antecipar distribuições, diz Bofa

Disney está perdendo milhões de dólares por dia devido ao bloqueio do YouTube TV

Microsoft e Google vão investir US$ 16 bilhões em IA na Europa

Primeira parcela do 13º salário vai cair no dia da Black Friday