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Por que a Bolsa não sai do lugar em 2014

Economista não vê motivos para otimismo e projeta um caos econômico em 2015


	Apesar da volatilidade recente, o desempenho do Ibovespa em 2014 é de dar sono no investidor, com um levíssimo avanço de 0,19%
 (Getty Images)

Apesar da volatilidade recente, o desempenho do Ibovespa em 2014 é de dar sono no investidor, com um levíssimo avanço de 0,19% (Getty Images)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 3 de junho de 2014 às 16h36.

São Paulo - A bolsa brasileira ficou praticamente estável no acumulado dos primeiros cinco meses do ano. Considerando o fechamento da última segunda-feira, o Ibovespa registra um módico avanço de 0,19% no período.

No entanto, o desempenho sonolento do Ibovespa neste ano não reflete os dias agitados que o mercado presenciou nos últimos meses.

“A Bolsa passou por momentos distintos. Até meados de março houve uma desvalorização muito forte devido ao cenário macro, mas a entrada de recursos estrangeiros e o rali eleitoral zeraram as perdas”, explica o analista chefe da Alpes WinTrade, Bruno Gonçalves.

Neste sobe e desce da Bolsa, alguns setores, como o financeiro, se destacaram positivamente.“Os bancos conseguiram manter a carteira de crédito e ganharam destaque até aqui”, lembra Gonçalves.

O Índice Financeiro (IFNC), que engloba as companhias do setor listadas na Bovespa, acumula uma alta de 11% em 2014. 

Além disso, as estatais como Petrobras, Banco do Brasil e Eletrobras protagonizaram uma verdadeira folia especulativa nos últimos dois meses. 

As três companhias dispararam após o aumento das intenções de voto ao pré-candidato do PSDB à Presidência, Aécio Neves.

“Uma boa parte do mercado torce por uma vitória da oposição, mas ainda está tudo indefinido”, diz o economista e diretor do MBA da Fundação Armando Alvares Penteado (FAAP), Tharcísio Souza Santos.

Em contrapartida, algumas companhias tropeçaram feio na bolsa em 2014. É o caso das varejistas de vestuário, por exemplo. Estes papéis, que brilharam no ano passado, perderam valor diante da redução da confiança do consumidor e da desaceleração do consumo. 

Além disso, o aumento de número de feriados devido a Copa do Mundo prejudica algumas empresas, como a Hering, Arezzo, Lojas Renner e Marisa.


Segundo a equipe de analistas da Ativa Corretora, as varejistas terão suas vendas fortemente impactadas devido à queda brusca do movimento do comércio.

Os números da desaceleração já são uma realidade. Recentemente, as ações ordinárias da Hering foram penalizadas após a divulgação de resultados da companhia.

No acumulado de 2014, os papéis da Hering já derreteram 26%. 

Segundo a Hering, o crescimento mais lento das vendas brutas no primeiro trimestre refletiu a cautela em relação ao ambiente macroeconômico e o efeito adverso da Copa do Mundo sobre o varejo de vestuário. 

O economista Tharcísio Souza Santos ressalta também o desempenho da Vale neste ano. Desde janeiro, os papéis da mineradora já caíram mais de 17%.

A queda, segundo o economista, se deve aos preços do minério de ferro do mercado chinês. A companhia também sofre com a baixa das exportações ao país. A China é o principal destino das exportações da Vale.

Futuro próximo

Para o resto do ano, os profissionais do mercado ouvidos por EXAME.com se mostraram pessimistas com o desempenho do Ibovespa e estimam que a Bolsa deva fechar o ano no vermelho.

“A desaceleração do PIB e os baixos níveis de confiança das empresas em investir torna praticamente impossível que a Bolsa ganhe força nos próximos meses”, diz Bruno Gonçalves.

Tharcísio Souza Santos acrescenta que o cenário deve piorar em 2015. “O próximo ano será um caos. A inflação está em alta e próxima do teto da meta de 6,5%. Além disso, os preços dos combustíveis e da energia elétrica estão represados e devem subir após as eleições. Ou seja, não há razão para otimismo”, conclui.

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